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Flotilha acusa Israel de usar espaço aéreo da UE em ataques a barcos

A organização afirma ter provas de de que Israel transportou material militar para Malta e Sicília, com o objetivo de "ameaçar a navegação" das embarcações humanitárias que pretendem romper o bloqueio à Faixa de Gaza. Num vídeo divulgado esta segunda-feira, Mariana Mortágua garante que já foi iniciada a "segunda parte da missão".

Eva Manez / Reuters

SIC Notícias

A Flotilha Global Sumud acusou esta segunda-feira Israel de ter utilizado o espaço aéreo da União Europeia (UE), sobrevoando territórios soberanos de Itália e Malta, para transportar meios destinados a ataques contra embarcações que tentam chegar a Gaza.

Em comunicado, os organizadores afirmam ter provas de que Israel transportou material militar para Malta e Sicília, com o objetivo de "ameaçar a navegação" das embarcações humanitárias que pretendem romper o bloqueio à Faixa de Gaza.

Segundo a flotilha, os últimos ataques ocorreram a 09 e 10 de setembro, quando duas embarcações estavam atracadas no porto tunisino de Sidi Bou Said, a cerca de 20 quilómetros de Tunes.

O grupo sustenta que os ataques visaram "participantes civis pacíficos" e configuram violações da soberania tunisina, incluindo o espaço aéreo.

A organização sublinha que as operações "não foram possíveis sem o pleno conhecimento de dois países europeus soberanos" e acusa ainda os Estados Unidos de terem colaborado com Israel.

De acordo com a flotilha, "este nível de impunidade na violação de todos os tratados internacionais só é possível porque Israel recebeu carta branca durante muito tempo, com a passividade de alguns países e a cumplicidade de outros".

A Flotilha Global Sumud partiu de Barcelona no início de setembro para "denunciar o genocídio em Gaza, romper o bloqueio ilegal" e exigir a abertura das fronteiras para a entrada de ajuda humanitária.

Os navios chegaram à Tunísia a 06 de setembro e partiram uma semana depois, em várias etapas, para se juntarem em alto mar a embarcações oriundas de Itália e Grécia.

A flotilha enfrentou vários contratempos durante a paragem nos portos tunisinos, com os seus membros a denunciarem dois ataques "com drones" contra os navios "Família", de bandeira portuguesa e onde viajam elementos da organização, e "Alma", de bandeira britânica, em pouco mais de 24 horas.

Num vídeo divulgado esta segunda-feira, Mariana Mortágua garante que já foi iniciada a "segunda parte da missão", ou seja "a viagem direta até Gaza".

Além disso, a líder do Bloco de Esquerda (BE) apelou novamente ao Governo português para que reconheça "imediatamente" a Palestina e aplique sanções a Israel.

As autoridades tunisinas declararam na semana passada que o segundo ataque foi "premeditado", depois de terem descartado que o primeiro fosse um "ato hostil" levado a cabo por drones, mas as investigações continuam.

Os navios, onde viajam ativistas de mais de 40 nacionalidades - entre os quais a ecologista sueca Greta Thunberg e, de Portugal, a líder do BE, Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte -, transportam alimentos e medicamentos destinados à população de Gaza.

O objetivo da Flotilha Global Sumud - que significa resiliência, em árabe -- é o de concretizar uma ação simbólica que dê visibilidade à situação humanitária na Faixa de Gaza e permita desbloquear o cerco restritivo à chegada de ajuda humanitária imposto por Israel.

As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007.

A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

Com Lusa

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