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"Temos de agir preventivamente e preparar a economia europeia para o futuro", defende analista

O dia 2 de abril não foi o "dia da libertação", como definiu Donald Trump. Foi, sim, "o dia do caos", defende o analista de segurança e defesa Francisco Cudell. Em entrevista à SIC Notícias, o especialista diz que o foco tem de estar no mercado europeu, de forma "a prepará-lo para o futuro".

SIC Notícias

Em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA ao aço e alumínio europeus, a União Europeia respondeu a Trump e aprovou, esta quarta-feira, a aplicação de tarifas de 25% sobre quase 1.700 produtos dos EUA. Francisco Cudell, analista de segurança e defesa, alertou, em entrevista à SIC Notícias, que " estamos reagir, em vez de agir preventivamente".

"O atual Governo americano está a reescrever as regras comerciais (...) e essas, que eram consideradas sólidas nos acordos comerciais entre as diferentes nações, de um dia para o outro deixaram de ser vigentes", destacou o analista.

Segundo o especialista, se para Donald Trump o dia 2 de abril foi o 'dia da libertação', para o resto do mundo passou a ser "o dia do caos", afetando o comércio global. "Por exemplo, o tratado da Organização Mundial de Comércio deixa de ter qualquer valência", referenciou Francisco Cudell.

"A única coisa que nós sabemos é que as regras comerciais mudaram, passaram a ser reguladas por uma fórmula que está assente em Washington. Nós já sabemos qual é a fórmula, mas não sabemos qual é o calendário da sua aplicabilidade", frisou.

Trump suspende tarifas recíprocas por 90 dias, excluindo a China

Mesmo que o Presidente dos Estados Unidos tenha suspendido por 90 dias as tarifas para mais de 75 países, não é possível traçar qualquer perspetiva, porque o grande problema é a "falta de previsibilidade".

Se "não sabemos o que Donald Trump vai anunciar para a próxima semana, como podemos projetar os próximos 90 dias?, questionou.

O entrevistado defende que a União Europeia tem de tomar medidas que tornem a economia europeia "mais sólida e sustentável", sugerindo que a União Europeia coloque as tarifas a zero, porque assim, Donald Trump não terá como responder.

"Nós temos que nos focar no mercado europeu. Temos de pensar o que é que nós vamos fazer daqui para a frente", afirmou, destacando que "a primeira coisa a fazer é preparar a economia europeia para o futuro".

Por fim, o analista alertou também para a necessidade de a Europa olhar para o Oriente, especialmente para a ascensão da China.

"A China está a caminho de se tornar a principal potência económica mundial, e precisamos de estar preparados para isso", concluiu.

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