Peguemos na ironia do nome do rio que em Utiel galgou as margens e empurrou adiante o que a enfrentou. Chama-se Rio Magro que nesta localidade, a 100 km de Valência, engordou sem aviso e levou tudo à frente.
“Ontem estava cheio de gente e hoje está vazio. É uma desolação total”, diz Jose Julian Collado, morador em Utiel.
Os vivos enfrentam o vazio ao mesmo tempo que se procuram os tantos que as águas levaram para parte incerta. Os bombeiros passam a pente fino as estradas que agora são lagos onde há ainda automóveis que podem ter gente dentro. O Governo espanhol adianta que são muitos os desaparecidos, mas ainda é cedo para saber quantos.
“A prioridade agora, como é óbvio, é encontrar as vítimas e os desaparecidos, de forma a aplacar a ansiedade e a angústia da família dessas vítimas e desses desaparecidos”, afirmou Pedro Sánchez, presidente do Governo de Espanha
Quem passou pelo pior tão cedo não vai esquecê-lo. Principalmente quem escapou por um triz.
“Tenho a padaria aqui na mesma esquina. A água chegou a dois metros e meio e tive de sair pela janela como possível porque a água já me chegava aos ombros. Refugiei-me no primeiro andar com os vizinhos e fiquei lá toda a noite, atento”, Javier Berenguer, proprietário de uma padaria.
“Estou do lado deles neste momento de catástrofe e rezo por eles. Que Deus os abençoe a todos”, diz o Papa Francisco.
O Papa Francisco não esquece os espanhóis, em especial os que moram no leste do país onde choveu em 8 horas o que costuma chover durante um ano inteiro. Há colheitas completamente arruinadas. Gente sem um teto para morar, gente que não sabe onde foi parar o automóvel. Cerca de 100 mil estão sem luz e muitas autarquias sem água potável
É a pior catástrofe que os espanhóis enfrentam nos últimos 50 anos. Esta quinta-feira, Espanha cumpre o primeiro de três dias de luto nacional pelas vítimas do mau tempo.