Os migrantes detidos em águas italianas começaram a ser enviados para centros de acolhimento na Albânia. Os primeiros 16 migrantes chegaram esta manhã aos abrigos geridos por Itália em território albanês. São descritos como locais de acolhimento temporário até à decisão sobre o pedido de asilo, mas os grupos de defesa dos direitos humanos criticam a solução.
Chegaram a bordo de um navio da marinha italiana. São 16 migrantes do Bangladesh e do Egito, todos do sexo masculino, que regressam ao Mediterrâneo - não para tentar a sorte, mas para uma nova viagem. Vão para um dos centros de acolhimento que a Itália construiu na Albânia.
Estavam na ilha de Lampedusa, depois de ter sido resgatados no mar. Vão ficar à espera de uma resposta sobre o pedido de asilo, não no país onde conseguiram chegar, mas noutro que é pago para recebê-los.
“A Itália deu um bom exemplo ao assinar o protocolo Itália-Albânia, para o tratamento dos pedidos de asilo em território albanês, mas sob jurisdição italiana e europeia”, defendeu a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Acordo rende 160 milhões de euros por ano à Albânia
Na prática, Roma exporta os migrantes. Albânia recebe-os em troca de dinheiro. O acordo com o governo albanês vai custar a Itália 160 milhões de euros, por ano, durante os próximos cinco anos.
Os dois centros de acolhimento foram construídos em território albanês pela Itália. Lá dentro, são os italianos que ditam as regras. Do lado de fora, a segurança é garantida pelos albaneses.
Os migrantes com o pedido de asilo feito terão de esperar durante 28 dias por uma resposta das autoridades. Se for positiva, regressam a Itália. Se for negativa, vão para uma prisão, antes de serem reenviados para os países de origem.
“Europa como lugar da democracia está a acabar”
Mas o envio dos migrantes para fora das fronteiras da Europa não é um gesto que todos vejam com bons olhos. Há quem tenha feito questão de contestar a medida, logo à chegada do primeiro grupo de migrantes ao país.
“Estes migrantes, que fizeram longas e perigosas viagens para chegar à Europa, estão agora a ser reencaminhados para a Albânia, para que possam regressar aos seus países de origem”, diz Arilda Lleshi, ativista de direitos humanos. “O conceito europeu está a acabar para nós, que vemos a Europa como o lugar da democracia.”
A ideia teve o aval da União Europeia e pode interessar outros países europeus.
A Itália afirma que apenas homens não vulneráveis, vindos de países classificados como seguros, seriam enviados para a Albânia. Assim, não poderão pedir o estatuto de refugiados, só o de asilo, tendo, por isso, menos hipóteses de ficar na Europa.