Várias organizações não-governamentais (ONGs), entre elas a Caritas, acusam as autoridades italianas de obrigarem os migrantes a assinar documentos sem tradução e sem que lhe seja explicado o que estão assinar. Em muitos casos, esses documentos autorizam a expulsão ou retiram o direito a pedirem proteção e asilo.
Os voluntários italianos usam mediadores ou tradutores simultâneos para tentarem perceber a situação. Um grupo de migrantes tinha desembarcado no porto de Salerno, a alguns quilómetros a sul de Nápoles, na noite anterior.
Em poucas horas, ficou claro que já tinham assinado documentos que podem pôr em causa todo o esforço que fizeram e os riscos que correram para chegarem a Itália.
As organizações não-governamentais, que dão apoio aos migrantes, têm advogados no terreno para tentar contestar a validade dos documentos, assinados sem que houvesse qualquer tradução. Mas a probabilidade de conseguirem reverter a situação é muito reduzida.
Só este ano, mais de 236 mil pessoas entraram na União Europeia de forma irregular. Este número representa uma subida de 60% em relação ao ano anterior.
A maioria entrou pelas fronteiras de Itália, onde o Governo de Giorgia Meloni aprovou, em abril, novas regras que permitem deter os migrantes durante 18 meses e expulsá-los em seguida, caso não consigam visto ou estatuto de refugiados.