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Descoberta sobre alimentação das baleias da Patagónia surpreende cientistas

Na reserva natural da Patagónia, na América do Sul, uma descoberta recente sobre a alimentação das baleias surpreendeu os cientistas. Ao contrário do que se pensava, as baleias mergulham até muito perto do fundo do oceano, onde encontram mais alimento.

Estela Sofia Santos

Eduardo Horta

A Península de Valdés, na costa sul da Argentina, é o habitat natural de uma das maiores comunidades de leões marinhos, pinguins e baleias. Na região habitam pelo menos 1.468 baleias, de acordo com os registos do mês passado. A Península é considerada Património Mundial da UNESCO e um dos pontos turísticos mais importantes da Argentina.

"As baleias-francas vêm à Península Valdés para se reproduzirem, darem à luz as crias e também para se alimentarem", explica Valeria D'Agostino, uma investigadora argentina do centro científico estatal que estuda Sistemas Marinhos.

O grupo de cientistas, do qual Valeria D'Agostino faz parte, investiga a baleia-franca-austral, que vive nos mares gelados da costa sul da Patagónia. Os cientistas sabiam que estas baleias se alimentam à superfície, abaixo da superfície e em mergulho. Mas, depois de colocar câmaras em 8 baleias para monitorizar os hábitos reprodutivos e alimentares da espécie, a equipa de investigação descobriu algo surpreendente:

"Vimos que muitas baleias mergulhavam e, quando voltavam à superfície, tinham lama na cabeça. Isso provou que as baleias estavam a mergulhar muito perto do fundo." - Valeria D'Agostino

Ao contrário do que se pensava, as baleias mergulham até muito perto do fundo do oceano, onde encontram mais alimento. Os investigadores descobriram também que a baleia-franco-austral não mergulha sozinha. As crias são capazes de mergulhar a mais de 100 metros de profundidade quando acompanham as progenitoras. A descoberta é inédita e inesperada, uma vez que os cientistas não sabiam que as crias tinham a capacidade para tal. Desconhecem, no entanto, a razão pela qual acompanham as progenitoras nestes mergulhos em profundidade.

A única certeza é o perigo que estes mamíferos enfrentam devido à poluição que dá à costa e que se acumula nas praias e nas rochas da Patagónia. A ONU alerta que, daqui a 20 anos, a região será um depósito de lixo se nada for feito para travar as indústrias que despejam detritos no mar.

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