Há várias décadas que a Venezuela enfrenta um problema económico, social e político, com vários líderes mundiais a acusarem sucessivos Presidentes de terem implementado uma ditadura. Mas nem sempre foi assim. O país já foi um dos mais prósperos do mundo.
Imagine um país com belas paisagens, bom tempo durante todo o ano, praias com água cristalina e que, ao mesmo tempo, é a segunda economia que mais cresce no mundo, onde os juros estão próximos de zero e tem uma taxa de inflação muito baixa.
O que talvez não saiba é que o país de que estamos a falar é a Venezuela dos anos 50.
Anos antes, em 1922, a Venezuela descobriu que estava sentada sobre uma mina de ‘ouro’ e passou de um país pobre que vivia da agricultura para ser o maior exportador de petróleo do mundo.
As empresas estrangeiras que exploravam o petróleo passaram a ser obrigadas a entregar metade dos lucros ao Estado. O país parecia desenvolver-se e depressa se tornou num dos mais ricos do mundo.
Não tardou até que a Venezuela nacionalizasse a exploração de petróleo, que passou a ser da responsabilidade da PDVSA, que ainda hoje opera.
Mas a economia nunca se diversificou e quando, nos 80, o preço do petróleo caiu, a Venezuela mergulhou na crise e teve de pedir ajuda externa ao FMI.
Hugo Chávez tinha participado numa tentativa de golpe de Estado, começou a ganhar apoio e em 1999 chegou ao poder, com um plano ideológico que pôs em prática, e que até começou por ter sucesso.
Usou o dinheiro do petróleo para políticas sociais, baixou a pobreza para metade, diminuiu as desigualdades, melhorou as condições de saúde e a educação. Mostrou mão firme quando, depois de uma greve da PDVSA, despediu 20 mil trabalhadores. A empresa perdeu o conhecimento e a produção de petróleo começou a cair.
Em 2007, a Venezuela lançava-se numa onda de nacionalizações de empresas.
Chávez consolidou o poder e acabou com os limites de mandatos, fechou jornais, controlou a imprensa e passou a liderar o Supremo Tribunal da Venezuela. No fundo, o país ficou pouco diferente de uma ditadura.
Prometeu lutar contra a corrupção, mas quando morreu, em 2013, a Venezuela estava em 165.º lugar numa lista de 176 países.
Foi nesse contexto que chegou ao poder um antigo condutor de autocarros: Nicolás Maduro. Com os preços do petróleo a cair, com a produção de crude em mínimos, e com sanções internacionais, em poucos anos o PIB da Venezuela caiu.
A inflação anual chegou mesmo aos 4 mil %. De tal maneira que, em 2021, um Big Mac custava 30 milhões de bolívares - três salários mínimos. E, assim, não admira que 90% da população viva abaixo do limiar da pobreza.