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Partido Trabalhista garante maioria absoluta: o que muda no Parlamento britânico?

Foi uma vitória esmagadora. Os trabalhistas precisavam de 326 deputados para conseguir governar com maioria absoluta, mas garantiram uma margem ainda mais confortável.

Ricky Vigil/Getty Images

SIC Notícias

O Partido Trabalhista assegurou esta quinta-feira uma vitória com larga maioria absoluta nas legislativas britânicas, ao eleger 412 deputados para um total de 650 lugares, faltando ainda apurar 2, indicam os resultados oficiais divulgados pela BBC.

Keir Starmer será indigitado primeiro-ministro pelo rei Carlos III esta sexta-feira. No discurso de vitória, esta madrugada, prometeu que a mudança no país “começa agora”.

Os 650 assentos na Câmara dos Comuns ficaram distribuídos da seguinte forma:

Partido Trabalhista: 412 (+211 do que na anterior eleição, em 2019)

Partido Conservador: 121 (-250)

Liberais Democratas: 71 (+63)

Partido Nacionalista Escocês: 9 (-38)

Outros partidos ou candidatos independentes: 35 (+14)

Pela primeira vez, uma mulher será ministra das Finanças

Rachel Reeves, antiga economista do Banco de Inglaterra de 45 anos, será eleita a primeira mulher com a pasta das Finanças na história do Reino Unido.

"O caminho a percorrer não será fácil. Não existe uma solução rápida e temos pela frente escolhas difíceis. Não temos ilusões quanto à dimensão do desafio que enfrentamos, nem quanto à gravidade das dificuldades que herdaremos dos conservadores", afirmou.

Dança das cadeiras

Cinco membros do governo conservador britânico perderam os lugares de deputados: os ministros Grant Sharps (Defesa), Alex Chalk (Justiça), Gillian Keegan (Educação), Johnny Mercer (Veteranos) e o secretário de Estado Justin Tomlinson (Energia).

O atual ministro da Defesa foi derrotado pelo candidato trabalhista Andrew Lewiwn no círculo eleitoral de Welwyn Hatfield, que obteve 41% dos votos contra 33%, noticiou o jornal The Guardian.

Shapps atribuiu a derrota à consternação dos eleitores perante a incapacidade dos conservadores de resolverem as suas divergências em privado.

Apelou ao novo governo para utilizar os 2,5% do produto interno bruto (PIB) destinados à Defesa para continuar a apoiar a Ucrânia a defender-se da guerra da agressão da Rússia.

O "banho de sangue eleitoral" dos conservadores, como já lhe chamou a imprensa britânica, atingiu também o ministro da Justiça, Alex Chalk, que perdeu o lugar na Câmara dos Comuns para o candidato liberal democrata Max Wilkinson em Cheltenham.

A ministra da Educação, Gillian Keegan, foi derrotada por um candidato liberal democrata e o titular da pasta dos Veteranos perdeu para um trabalhista, tal como o secretário de Estado Justin Tomlinson.

Outras figuras importantes do Partido Conservador, como o vice-primeiro-ministro, Oliver Dowden, o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, a ministra da Economia, Kemi Badenoch, e a antiga ministra do Interior Suella Braverman, seguraram lugares.

Também a antiga primeira-ministra conservadora britânica Liz Truss perdeu o lugar no círculo eleitoral de South West Norfork para o candidato trabalhista Terry Jermy.

Truss, que esteve à frente do governo apenas 44 dias antes de ser forçada a demitir-se devido às repercussões financeiras de um plano fiscal radical, obteve 11.217 votos contra 11.847 dos trabalhistas.

À oitava foi de vez: Nigel Farage eleito

O antigo eurodeputado britânico Nigel Farage, atual líder do Partido Reformista (Reform UK) foi eleito, à oitava vez, pelo círculo de Clacton-on-Sea, no sudeste de Inglaterra, consolidando o avanço da formação de direita populista.

Farage ganhou com 46,2% dos votos, superando o conservador Giles Watling (27,9%), até agora representante desta circunscrição, e o trabalhista Jovan Owusu-Nepaul (16,2%).

"Farei o meu melhor para colocar Clacton no mapa", nomeadamente, atraindo turistas e investimento privado, prometeu Farage, depois do anúncio dos resultados.

Jeremy Corbyn reeleito como independente

O ex-líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn foi reeleito deputado enquanto candidato independente pela circunscrição de North Islington, norte de Londres, derrotando o concorrente do antigo partido.

Corbyn foi eleito com 49,2% dos votos, uma diminuição em relação aos 64,3% obtidos em 2019, enquanto o candidato trabalhista Praful Nargund obteve 34,4% dos votos.

Corbyn, de 75 anos, representa aquele círculo desde 1983 e foi líder trabalhista entre 2015 e 2020, mas demitiu-se após a derrota nas legislativas de 2019 com o pior resultado do 'Labour' desde 1935. Corbyn foi expulso dos Trabalhistas depois de anunciar que ia concorrer como independente, mas já estava suspenso desde 2020 por questionar o resultado de uma investigação sobre antissemitismo no partido.

Com Lusa

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