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"Depois da morte do Presidente, o regime do Irão continuará a ser o regime do Irão"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa a recente proposta do presidente do TPI em emitir mandados de captura contra dirigentes israelitas e palestinianos e as consequências da morte do Presidente do Irão.

Germano Almeida

O procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, propôs a emissão de mandados internacionais de captura contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o ministro israelita da Defesa, Yoan Gallant, e três líderes do grupo palestiniano Hamas. EUA e Alemanha já criticaram a equiparação entre Israel e Hamas.

"As reações à decisão de um mandato de detenção, proposto pelo procurador Karim Khan, do TPI, proposta ainda não confirmada, mas tudo indica que esse mandado vai mesmo avançar, vertem também o que são neste momento as posições dos diferentes países relativamente à forma como Israel está a fazer ofensiva em Gaza".

Germano Almeida considera que "dificulta a relação que Biden tem tido com a sua esquerda relativamente às críticas que a esquerda, nomeadamente os jovens, lhe fazem relativamente ao suposto apoio a Israel".

Tanto os Estados Unidos como Israel não aderiram ao Estatuto de Roma pelo que não têm que cumprir uma decisão do TPI.

Morte do Presidente do Irão, eleições e sucessor

As eleições presidenciais no Irão terão lugar no dia 28 de junho, informou esta segunda-feira a televisão estatal, após a morte do Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, e da sua comitiva num desastre de helicóptero.

Entretanto o sucessor é o vice-presidente Mohammad Mokhber, o número 2 de Raissi, o primeiro vice-presidente iraniano. À luz da Constituição da República Islâmica iraniana, numa situação de morte ou incapacidade do Presidente, é o primeiro vice-presidente a suceder, uma solução interina até às eleições.

"Naquele sistema, o Presidente, sendo importante, é apenas um dos quatro pilares e talvez o com menos poder entre: o aiatola- o líder supremo - o Conselho dos Guardiães e a Guarda Revolucionária Iraniana (...) Na verdade, embora supostamente eleito, verte a linha dura do aiatola e do Conselho de Guardiães".

Germano Almeida refere que a questão destas eleições "é se nas eleições vai haver uma real escolha do povo iraniano entre uma linha mais dura, que Raissi representava, ou uma alternativa moderada, como por exemplo foi o ex-Presidente Rohani ou o seu chefe da diplomacia, Zarif".

Os candidatos têm que ser validados por "um sistema que, na verdade, possivelmente vai impedir uma alternativa real."

"Não há qualquer ilusão a ter sobre uma suposta abertura do regime. Raissi foi um Presidente que endureceu o regime, cometeu também ele próprio crimes (...) portanto, depois da morte do Presidente, é preciso lembrar que o regime do Irão continuará a ser o regime do Irão".

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