Ricardo Alexandre, comentador da SIC e jornalista da TSF, explica que o Ocidente "não pode ter grande envolvimento" nas eleições que arrancam esta sexta-feira e terminam no domingo. Revela ainda algumas das exigências de Israel e do Hamas para que seja possível estabelecer um acordo entre ambas as partes.
O jornalista começa por referir que Putin e o Rússia Unida, o seu partido, "não precisavam sequer de recorrer à estratégia habitual a que recorrem para vencer as eleições" dada a "implantação que têm" no território russo.
Explica que o líder da Federação Russa fez foi "tratar que os adversários e possíveis adversário fossem presos", notando ainda que "alguns estão no exílio e outros foram mortos", como é o caso de Alexei Navalny.
Parte da estratégia de Putin para continuar no poder passa por garantir que existe "uma forte repressão" sobre os meios de comunicação social independentes do país e sobre as organizações de defesa dos direitos humanos.
"Isto já para não falar da tentativa, obviamente ilegal, de levar a cabo a votação nos territórios ocupados da Ucrânia (...) Há toda uma envolvência para, de alguma forma, perpetuar a ocupação", afirma.
O comentador considera que a guerra na Ucrânia é uma questão central nestas eleições e recorda que dois candidatos à Presidência russa, com posições antiguerra, foram impedidos de concorrer.
Prossegue dizendo que o Ocidente "não pode ter grande envolvimento" no sufrágio russo, uma vez que "não há observadores internacionais" no país:
“Por muito que os russos digam o contrário, dificilmente estas eleições podem ser consideradas livres e justas”
Acordo à vista entre Israel e Hamas?
Ricardo Alexandre debruça-se também sobre o conflito no Médio Oriente, mais concretamente acerca dos progressos que têm sido feitos no âmbito de um acordo de paz entre Israel e o Hamas.
Explica que Israel vê com bons olhos a troca de prisioneiros idosos e doentes por cerca de 700 palestinianos, ao contrário de algumas exigências do Hamas: um cessar-fogo permanente e uma data para a retirada das tropas israelitas de Gaza.
"Há algo que poderia, à partida, significar um avanço importante, uma vez que é algo que Israel quer há muito tempo, que é a libertação das mulheres militares israelitas, que estejam em cativeiro. Não se sabe quantas são porque o Hamas acabou por nunca ceder à pretensão de Israel de ter uma lista dos reféns que possam estar vivos", esclarece.
Em troca disso, frisa, o grupo pró-Palestina exige a libertação de cerca de uma centena de presos palestinianos que foram condenados a penas de prisão perpétua em cadeias israelitas.
Fazem parte dessa lista "presos políticos de alto nível", mas também alguns palestinianos que são apontados como responsáveis por alguns dos maiores atentados contra Israel ao longo dos últimos anos. "Isso dificilmente o Governo de Israel vai ceder", declara.
O Hamas acusou, esta sexta-feira, o exército israelita de ser responsável pela morte de, pelo menos, 20 pessoas que aguardavam por auxílio, em Gaza. Sobre este massacre, o comentador diz que "é mais um ponto no quadro absolutamente dramático do ponto de vista humanitário".
Sublinha que Israel está a perpetrar ataques contra palestinianos no centro da Faixa de Gaza, o local para onde quer transferir perto de um milhão e meio de pessoas que "estão amontoadas" no Sul do território.