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Delegação israelita vai ao Qatar "nos próximos dias" discutir nova trégua em Gaza

Os responsáveis israelitas estão "cautelosamente otimistas" quanto à possibilidade de um novo acordo para a libertação de reféns. No entanto, o Hamas diz desconhecer os termos para a nova trégua.

SUSANA VERA

Lusa

O gabinete de guerra israelita aprovou no sábado o envio de uma delegação ao Qatar para prosseguir as discussões dos últimos dias em Paris sobre uma nova trégua em Gaza e a libertação de reféns, segundo fontes oficiais israelitas.

Os responsáveis israelitas estão "cautelosamente otimistas" quanto à possibilidade de um novo acordo sobre os reféns, segundo a imprensa hebraica, depois de os chefes dos serviços secretos israelitas, norte-americanos e egípcios, bem como os responsáveis do Qatar, se terem reunido no sábado em Paris, onde definiram os termos de um novo acordo.

O documento deve agora ser submetido à apreciação do Hamas, que até sábado à noite afirmou desconhecer os novos termos.

De acordo com a imprensa de Israel, o novo projeto prevê uma trégua de seis semanas e a libertação de cerca de 40 reféns em troca da libertação de entre 200 e 300 prisioneiros palestinianos, o que foi aprovado pelo Governo israelita.

Uma delegação israelita chefiada pelo chefe da Mossad (serviços secretos israelitas), David Barnea, deslocou-se na sexta-feira a Paris para prosseguir os contactos sobre um projeto de trégua discutido no final de janeiro na capital francesa com os seus homólogos norte-americano e egípcio e o primeiro-ministro do Qatar.

"A delegação regressou de Paris, e existe provavelmente matéria para avançar na direção de um acordo", declarou na noite de sábado à cadeia televisiva israelita N12Tzachi Hanegbi, um conselheiro para a segurança nacional do primeiro-ministro israelita (Benjamin Netanyahu).

"A delegação pediu para informar o gabinete de guerra sobre os resultados da cimeira de Paris e é por isso que o gabinete de guerra se vai reunir esta noite [sábado] por telefone", acrescentou a mesma fonte, pouco antes do início da reunião.

Entretanto, os media israelitas indicaram que durante a noite de sábado o gabinete de guerra concluiu o seu encontro e forneceu autorização para o envio, nos próximos dias, de uma delegação ao Qatar para prosseguir estas negociações na perspetiva de um acordo para uma trégua de várias semanas que inclua a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos detidos em prisões israelitas.

No final de novembro, uma primeira trégua de uma semana negociada sob a égide do Qatar, e ainda do Egito e Estados Unidos, permitiu a libertação de mais de uma centena de reféns detidos pelo Hamas e de 240 palestinianos presos em Israel.

Milhares de pessoas voltaram a reunir-se em Telavive no sábado na "praça dos reféns" para pedir ao Governo que facilite a libertação das pessoas ainda retidas em Gaza na sequência do ataque do Hamas em 7 de outubro.

Netanyahu diz estar “a trabalhar” num plano para libertar reféns e eliminar o Hamas

O movimento islamita palestiniano solicitou um "cessar-fogo completo" e a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, pedidos considerados "delirantes" por Netanyahu, cujo Governo parece disposto a conceder uma pausa nos combates mas afirma pretender prosseguir a sua operação militar contra o Hamas.

Após as operações terrestres na cidade de Gaza e em Khan Yunis, Israel prepara-se para uma ofensiva terrestre em Rafah, o último bastião local do Hamas onde de concentram cerca de 1,5 milhões de palestinianos, na sua maioria deslocados pelos combates e os bombardeamentos aéreos no restante enclave.


"Estamos a trabalhar para obter outro plano para a libertação dos nossos reféns, bem como para completar a eliminação dos batalhões do Hamas em Rafah. Foi por isso que enviei uma delegação a Paris e esta noite vamos discutir os próximos passos nas negociações", disse o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu na sua conta na rede social X, no sábado à noite.

Netanyahu disse que iria reunir novamente o governo esta semana para "aprovar os planos operacionais de ação em Rafah, incluindo a retirada da população civil".

"Só uma combinação de pressão militar e de negociações firmes conduzirá à libertação dos nossos reféns, à eliminação do Hamas e à realização de todos os objetivos da guerra", afirmou.

O gabinete de guerra já votou na quinta-feira à noite um documento com o plano israelita para o dia seguinte à guerra na Faixa de Gaza, que prevê o controlo de segurança israelita, uma espécie de ocupação militar semelhante à da Cisjordânia e a eliminação total da UNRWA.

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