O chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, questionou esta sexta-feira se existe uma posição unânime entre os aliados de Kiev sobre o fornecimento do equipamento militar necessário para combater a invasão da Rússia.
"Se quisessem, fornecer-nos-iam armas modernas na altura certa", frisou Danilov em declarações ao 'The Times'.
Este conselheiro de Defesa alertou que o atraso na entrega de armas e as disputas partidárias nos Estados Unidos sobre o extensão da ajuda a Kiev estão a colocar as forças ucranianas numa situação difícil.
"A Rússia tem pelo menos cinco vezes mais munições do que a Ucrânia ao longo de toda a sua linha de frente. A escassez de armas e munições ameaça cada vez mais as Forças de Defesa", lamentou.
"Há três coisas de que a Ucrânia precisa: armas, armas e mais armas", insistiu.
Danilov acusou, na mesma entrevista, o Ocidente de "fechar os olhos" e de não querer responder adequadamente às exigências de Kiev.
"No final, eles [os russos] não vos matam", apontou.
O conselheiro de Defesa contou que já perdeu o seu sobrinho na guerra, enquanto o afilhado teve parte da perna arrancada.
"Há muita dor, mas não só eu. Muitas pessoas perderam os filhos, pais, esposas ou maridos", lamentou.
As críticas de Danilov surgiram pouco antes de o Parlamento alemão bloquear, esta quinta-feira, o envio de mísseis Taurus para a Ucrânia, por receios de que fossem usados para bombardear o território russo e aumentar as tensões.
Zelensky volta a pedir armas ao ocidente
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu esta sexta-feira aos aliados ocidentais que entreguem rapidamente novos sistemas de defesa aérea e aviões de caça.
Enfraquecido pelo fracasso da sua contraofensiva de verão e pela crescente falta de munições e de soldados, o Exército ucraniano enfrenta uma situação extremamente difícil na frente e foi obrigado, na semana passada, a ceder a cidade-fortaleza de Avdiivka, no leste, depois de meses de duros combates com as forças russas.
Zelensky explicou esta sexta-feira que os atrasos nas entregas de armas contribuíram para o fracasso da contraofensiva de Kiev no verão de 2023.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
Londres anuncia pacote para ajudar e reabastecer munições
O Reino Unido anunciou hoje um pacote de 287 milhões de euros de ajuda a Kiev, para reabastecer as munições das forças ucranianas, no dia em que se assinalam dois anos desde o início da invasão russa da Ucrânia.
Esta ajuda visa "revigorar as cadeias de abastecimento, para produzir as munições de artilharia de que a Ucrânia necessita urgentemente para aumentar as suas reservas", pode ler-se num comunicado do Ministério da Defesa britânico.
Os militares ucranianos "repeliram o invasor russo para recuperar metade do território que Putin roubou, causando danos significativos às capacidades russas, com cerca de 30% da frota russa do mar Negro destruída ou danificada, e milhares de tanques e veículos blindados reduzidos a destroços", sublinhou o ministro da Defesa britânico, Grant Shapps, citado na nota de imprensa.
"Juntos faremos com que Putin fracasse, para uma vitória da democracia, da ordem internacional baseada em regras e do povo ucraniano", acrescentou.