Para combater a seca extrema na Andaluzia, Espanha, vão ser gastos milhões de euros no abastecimento de água dessalinizada através de barco. O transporte marítimo deve começar em junho e vai manter-se durante o verão.
A ministra da transição ecológica, do PSOE, e o chefe da comunidade da Andaluzia, do PP, chegaram a acordo para avançar com a solução de último recurso para combater a seca: embarcar água potável.
Com cinco anos de seca consecutivos, corre-se atrás do prejuízo. A partir de uma dessalanizadora privada, instalada noutra região autónoma de Espanha, irá chegar diariamente um barco a três cidades andaluzes – Almería, Málaga e Algeciras.
Os custos desta medida serão repartidos: a fatura da dessalanização fica a cargo do Governo central, a comunidade autónoma paga o transporte. Só a deslocação custará 5 milhões de euros por mês, o que representa 20 milhões de euros no final do verão.
Com 5 anos de seca, o stress hídrico da Andaluzia é constante. A situação é agravada pelos efeitos cumulativos do sequeiro transformado em regadio, das captações ilegais para a agricultura, da carga humana que triplica no verão.
Cinco anos de seca: o impacto na agricultura andaluz
A situação de seca em Andaluzia está a provocar enormes constrangimentos, seja na agricultura, seja no abastecimento de água das grandes cidades.
Nos campos, o grosso da mão de obra chega do norte de África. A campanha para apanha dos citrinos ainda não está no auge e, este ano, deverá vai ficar muito aquém do habitual devido à falta de água. O solo, empedernido, mostra bem que não chove há demasiado tempo. E a falta de água nota-se bem no calibre da tangerina.
Dados oficias dão conta de uma ligeira recuperação, mas o chamado deserto do sul de Espanha – que vai do sul da Estremadura até á zona de Múrcia – sofre, historicamente, com fenómeno da seca. Mas nem por isso o pais tem tentado antecipar uma catástrofe anunciada .
Nas últimas semanas, 15 mil agricultores ocuparam as ruas de Sevilha numa manifestação pelo mundo rural. Pedem, principalmente, infraestruturas de retenção de agua há muito prometidas e paradas. Entretanto, o governo regional acabou de aprovar o quarto pacote legislativo de combate à seca: 200 milhões de euros, dos quais 50 milhões são só para o setor agroalimentar.
A própria autarquia da capital da região prepara-se para reduzir a pressão nas torneiras durante noite, logo após a semana santa. Mais a sul, vigoram na agricultura vigoram cortes de 50% no acesso à agua.
Todo o equilíbrio do ecossistema esta em risco e a junta de Andaluzia esta a fazer obras nos principais portos para que barcos cisterna possam injetar agua potável diretamente nas condutas em caso de extrema necessidade.