O secretário-geral da NATO afirmou esta quarta-feira que comentários que dividam a aliança comprometem a segurança de todos. É a resposta às declarações de Donald Trump, que sugeriu encorajar a Rússia a atacar países que não cumpram as obrigações financeiras.
“O objetivo da NATO é evitar a guerra, é preservar a paz, é evitar um ataque aos aliados da NATO, e temos feito isso de forma bem-sucedida, há décadas, porque somos credíveis. Portanto, qualquer sugestão de que não nos apoiamos mutuamente, de que não nos vamos proteger uns aos outros, é algo que compromete a segurança de todos nós e aumenta os riscos.”, começou por dizer Jens Stoltenberg.
Num comício para a convenção republicana, na Carolina do Sul, Donald Trump veio encorajar uma agressão russa contra países europeus membros da NATO, que não estejam a gastar 2% do orçamento para a defesa, a quem chamou “delinquentes”.
Sobre tais afirmações do ex-Presidente dos EUA, o secretário-geral da NATO afirmou ser necessário manter o "compromisso de proteger e defender todos os aliados".
"Como tal, é importante que nós, tanto em ações como em palavras, comuniquemos de forma clara que nos mantemos empenhados no compromisso da NATO de proteger e defender todos os aliados. A boa notícia é que é exatamente isso que os aliados da NATO estão a fazer", afirmou.
O favorito do Partido Republicano às eleições presidenciais de novembro voltou a abordar esta segunda-feira o assunto NATO, mas não repetiu as fortes observações, depois de declarar no sábado que encorajaria a Rússia a atacar os países da NATO se estes não pagassem a sua parte.
Biden considera “perigosas” as palavras de Trump
O Presidente norte-americano disse que os comentários de Donald Trump sobre a NATO são angustiantes e perigosos.
Joe Biden considera que os comentários do possível adversário nas presidenciais demonstram a vontade de abandonar os aliados que são membros da NATO em caso de um ataque russo.
Um assessor da Casa Branca qualificou de confrangedoras e insensatas as palavras de Trump, num momento em que o ex-Presidente continua a fazer pressão para os congressistas republicanos deixarem de apoiar militarmente a Ucrânia, e abrir a possibilidades a uma eventual vitória da Rússia com a anexação dos territórios ocupados na Ucrânia.
Também o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu seriedade a Donald Trump: "Deixem-me ser sarcástico (...). Durante esta campanha vamos ouvir demasiadas coisas. Vamos ser sérios: a NATO não pode ser uma aliança militar 'à la carte', não pode ser uma aliança militar dependente de como o Presidente dos Estados Unidos está a cada dia. Sim, não, amanhã isto, depois aquilo".