Ao longo de centenas de milhares de anos a Lua tem estado a “minguar”, como se de uma passa se tratasse, mas ultimamente esta atividade tem estado a preocupar os cientistas. Segundo o jornal The Washington Post, existe uma relação entre a diminuição da circunferência da Lua, com o aumento dos terramotos lunares superficiais, incluindo em potenciais zonas de visita da NASA.
"Um conceito que penso que muitas pessoas têm é que a Lua é um corpo geologicamente morto, que algo na Lua nunca muda. Mas, a Lua é um corpo sismicamente ativo", disse o geólogo lunar, e cientista sénior emérito do Centro de Estudos Terrestres e Planetários do Museu Nacional do Ar e do Espaço, Tom Watters, em entrevista ao jornal norte-americano.
O terramoto superficial mais potente localizou-se perto do polo sul da Lua, zona próxima dos locais de aterragem da missão Artemis III da NASA para enviar novamente humanos à Lua, potencialmente em 2027.
A região do polo sul lunar é aliciante porque contém regiões permanentemente sombreadas que alguns especulam poderem ter gelo à base de água.
“Falhas sismicamente ativas”
Num novo estudo, os investigadores afirmam que este forte sismo está ligado a um grupo de falhas sismicamente ativas, que foram criadas à medida que a Lua foi encolhendo.
De acordo com os modelos científicos, os terramotos nesta zona podem provocar deslizamentos de terras provocados por rochas soltas e poeiras das crateras circundantes.
Outros investigadores afirmam que ainda não dispomos de informação suficiente para determinar que locais podem ser perigosos para novas aterragens lunares.
Deteção de sismos desde a Apollo 11
O Homem chegou à Lua há mais de 50 anos, quando, a bordo da nave espacial Apollo 11, Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins aterraram pela primeira vez na superfície lunar, a 24 de julho de 1969.
Desde a “Era Apollo” que existem múltiplos sismómetros - aparelho para a observação direta dos terramotos - na superfície lunar mais próxima da Terra, que diariamente detetam atividade sísmica do único satélite natural da Terra.
Há 100 milhões de anos a encolher
Nos últimos cem milhões de anos, a Lua encolheu cerca de 150 pés de diâmetro, tendo sido parte desta contração deste satélite sido causada pelo arrefecimento natural do núcleo fundido da Lua.
À medida que o núcleo arrefece, a superfície da Lua contrai-se e ajusta-se à mudança de volume, fazendo com que porções da crosta (falhas tectónicas) se empurrassem umas contra as s outras.
A atração gravitacional da Terra sobre a Lua também aplica força à superfície lunar acrescentando tensão, que ajuda a formar estas falhas de impulso na Lua.
Estará a Terra a contrair também?
A Terra não está a sofrer o mesmo tipo de contração, pois ainda que o núcleo fundido também esteja a arrefecer, a crosta terrestre é feita de um “puzzle” de placas tectónicas, contrariamente à Lua que tem uma placa única.
Segundo o geólogo, a energia do núcleo da Terra move essas placas ou é libertada através de erupções vulcânicas.
O encolhimento da Lua tem efeitos insignificantes na dinâmica da Terra, sendo que a mudança de tamanho não vai alterar a ocorrência de eclipses, por exemplo.
Também as marés não são afetadas de forma diferente, na medida em que a massa da Lua mantém-se inalterada.
Desta forma, não há razão para os humanos se preocuparem com uma lua cada vez mais pequena.
“A ideia não é desencorajar ninguém de explorar o polo sul da Lua. Mas apenas garantir a compreensão de que não se trata de um ambiente benigno”, acrescenta o geólogo.