Mundo

Biden reeleito? Partido Democrático mostra-se cético

As primárias do Partido Democrata arrancam em fevereiro, mas Joe Biden não tem adversários que ameacem a sua indicação para concorrer ao segundo mandato, apesar de as sondagens revelarem que a sua popularidade está em níveis historicamente baixos.

Evan Vucci

Lusa

A poucos dias do 3º aniversário da tomada de posse de Joe Biden, o Partido Democrata mostra-se cético em relação às possibilidades de reeleição do Presidente norte-americano, atrás de todos os candidatos republicanos nas sondagens.

As primárias do Partido Democrata arrancam oficialmente no dia 3 de fevereiro, mas Joe Biden não tem adversários que ameacem a sua indicação para concorrer ao segundo mandato, apesar de as sondagens revelarem que a sua popularidade está em níveis historicamente baixos e que mesmo no seu partido são muitos os que duvidam que possa bater os republicanos nas eleições gerais de 5 de novembro.

Uma sondagem YouGov divulgada esta semana pela cadeia televisiva CBS dizia mesmo que os três principais candidatos republicanos - Donald Trump, Nikki Haley e Ron DeSantis - poderiam vencer Biden e que o ex-Presidente Trump até é o que obteria uma menor vantagem sobre o atual inquilino da Casa Branca.

Inflação e poder de compra estão “a aumentar”

Para Nuno Gouveia, especialista em política norte-americana, o principal obstáculo à afirmação da recandidatura de Biden é a sua dificuldade em apresentar o seu mandato como um sucesso para os norte-americanos.

"Os fundamentos da economia americana são positivos, mas a perceção das pessoas é totalmente diferente, como provam as más sondagens", disse à Lusa Gouveia.

"A economia gerou dois milhões de empregos em 2023, elevando para mais de 13 milhões durante estes primeiros três anos da sua administração, um recorde absoluto. A inflação está a baixar e os americanos viram o seu poder de compra aumentar, com os preços de bens essenciais e dos combustíveis a baixar. A Bolsa de Wall Street tem batido recordes", lembra este especialista.

Mas, acrescenta, isto parece não ser suficiente para convencer os eleitores a voltarem a dar um voto de confiança a Biden. Na verdade, os eleitores têm manifestado a ideia de que não estão confortáveis com nenhum dos candidatos dos dois principais partidos, estando dispostos a escolher o menos mau que se apresentar a votos.

"Esta não será uma campanha qualquer e com dois candidatos com elevadas taxas de rejeição entre o eleitorado, Biden precisa de apresentar-se como o 'menos mau' perante os eleitores e aquele que consegue mobilizar o eleitorado mais moderado contra Donald Trump", explica Nuno Gouveia.

O que Biden tem a seu favor?

A seu favor, Biden tem a comprovada capacidade de angariar fundos financeiros para enfrentar uma longa campanha contra Trump, tendo em conta que o ex-Presidente republicano rapidamente se afirmará como o candidato do seu partido.

Para ajudar a este feito conta o facto de a rica comunidade judaica dos Estados Unidos se estar a unir em torno da candidatura democrata, em parte como recompensa pelo esforço de ajuda da Casa Branca à causa de Israel na sua luta contra o grupo islamita Hamas.

Contudo, Biden está muito longe de conseguir ser consensual junto das minorias étnicas, que foram particularmente relevantes na sua vitória contra Trump em 2020, tal como a sua popularidade junto dos eleitores independentes, os mais jovens e as mulheres.

"Para que isso suceda, precisará de (...) voltar a mobilizar os eleitores em redor de temas como o aborto - um tema vencedor para democratas, sobretudo nos mais jovens e nas mulheres", defende Nuno Gouveia.

O apoio dos independentes continua a ser uma das falhas que a equipa eleitoral de Biden continua a tentar resolver, sobretudo depois de ter surgido no terreno a candidatura de Robert F. Kennedy Jr., filho do irmão do falecido Presidente Kennedy, que as sondagens indicam estar a tirar votos junto dos democratas.

O 3º aniversário da tomada de posse do Presidente norte-americano (20 de janeiro de 2021) será marcado no sábado.

Últimas