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EUA-2024: o Iowa arrefeceu o “momento Nikki”

A análise de Germano Almeida, comentador SIC, a 294 dias da eleição presidencial norte-americana de 2024. O que o Iowa nos mostrou, em cinco grandes ideias:

EVELYN HOCKSTEIN

Germano Almeida

Donald Trump ganhou, como se esperava, no estado de arranque. E garantiu, ainda que à tangente, a fasquia dos 50% dos votos. O segundo lugar dá um novo fôlego a Ron DeSantis e trava o embalo que Nikki Haley tinha obtido nos debates. Renascerá no New Hampshire?

A análise de Germano Almeida, comentador SIC, a 294 dias da eleição presidencial norte-americana de 2024. O que o Iowa nos mostrou, em cinco grandes ideias:

IDEIA 1 - Vitória a toda a linha para Trump

Teve mais de metade dos votos (por pouco, mas teve). Vai arrecadar bem mais de metade dos delegados do Iowa. Viu a sua "challenger" ficar em terceiro. Foi uma vitória ampla de Donald Trump, que, tudo indica, se prepara para um passeio até à investidura republicana na Convenção de Wisconsin (15-18 julho). Ou seja: para já confirma-se a tese de que os casos judiciais não afetam Trump entre os republicanos (ou grande parte deles). Veremos o que acontece quando Donald tiver que atuar fora do campo republicano, na luta pela eleição geral.

IDEIA 2 - DeSantis sobrevive... pelo menos até ao New Hampshire

Chegou ao Iowa com as sombras de uma campanha dececionante e do risco de desistência. O segundo lugar conferiu-lhe algum oxigénio para respirar, mas talvez só dê para chegar ao New Hampshire (onde está muito atrás de Nikki). Festejou o resultado com uma declaração risível: "Serei o próximo Presidente". Depois das intercalares de 2022, lançado por enorme vitória na Florida, parecia ser o favorito à nomeação. Nem metade dos votos de Trump conseguiu no primeiro teste.

IDEIA 3 - Nikki Haley viu o seu "momentum" arrefecido

Os 19% de Nikki Haley teriam sido fantásticos no início da campanha - a ex-governadora da Carolina do Sul partiu com 2% ou 3%. Mas o seu bom desempenho nos debates -- e a desistência recente de Chris Christie -- tinha despertado alguma expectativa quanto a um possível segundo lugar no Iowa. Não aconteceu. Mesmo assim, ficou a apenas dois pontos percentuais de DeSantis (algo que não se julgava realizável há dois ou três meses). A hora da verdade para Nikki será na próxima semana, dia 23, no New Hampshire, estado com um tipo de eleitorado que a favorece. Será possível que lute pelo primeiro lugar no "granite state"? No mínimo, terá que recuperar a dinâmica positiva com que chegou ao Iowa. Na noite da meia derrota, não conseguindo disfarçar alguma desilusão, lançou: "Querem mais do mesmo? Querem Trump-Biden outra vez ou desejam abraçar uma nova geração conservadora?

IDEIA 4 - 'Bye bye' Ramaswamy (ainda mais votos para Donald)

Vivek só teve 7% e concluiu que não tinha caminho para a frente nesta corrida. Empreendedor de 38 anos, teve os seus “15 minutos de fama”, ao dar nas vistas no primeiro debate televisivo. Mas o balão rebentou rápido: diz tão bem de Donald Trump que não se percebia exatamente porque é que continuava na corrida, estando o seu ídolo a caminho da nomeação.

IDEIA 5 - O voto evangélico mudou

Há oito anos, Ted Cruz ganhou o "caucus" republicano do Iowa, relegando Donald Trump para o segundo lugar. Nessa altura, Trump só conseguiu obter um em cada cinco votos dos evangélicos. Desta vez, tudo foi diferente: Donald ganhou nos evangélicos do Iowa por margem ainda maior do que a que obteve no global do estado: 53%, para 27% de De Santis e apenas 13% de Nikki. Está visto: o voto religioso, em 2016, ainda olhou para alguém para Trump com desconfiança e até alguma censura. Mas os evangélicos estão definitivamente rendidos ao movimento MAGA e veem Donald uma espécie de eleito por Deus para os representar. Bem-vindos à América profunda.

PRÓXIMA VOTAÇÃO: New Hampshire (23 janeiro), 22 de janeiro

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