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Blinken avisa Israel que é preciso uma solução pacífica e não uma nova frente de guerra, a norte com o Líbano

O comentador da SIC Germano Almeida destaca os três pontos principais da visita do chefe da diplomacia dos EUA a Israel e salienta o agravamento dos ataques dos rebeldes houthis do Iémen no Mar Vermelho.

SIC Notícias

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está em viagem pelo Médio Oriente. Esteve em Israel, onde se reuniu com o Presidente, com o primeiro-ministro e com o gabinete de guerra israelitas, para tentar evitar um alastramento do conflito na região. Esta quarta-feira, está na Cisjordânia, onde se reúne com o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

O chefe da diplomacia norte-americana termina hoje um périplo de seis dias, esteve em nove países ou territórios, começou na Turquia e na Grécia, "mostrando que este é um conflito que pode de facto alastrar e tem interesse também que se resolva noutros planos que não seja exatamente no Médio Oriente", refere Germano Almeida.

Depois esteve em cinco países árabes da região "que considera fundamentais para uma solução pós-guerra e que estavam a aproximar-se de Israel antes de 7 de Outubro": Egito, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Arábia Saudita.

Germano Almeida destaca três coisas que Blinken disse ontem em Israel:

- Os Estados Unidos continuam ao lado de Israel na necessidade de se evitar um 7 de Outubro e, portanto, evitar que o Hamas tenha condições militares de voltar a ameaçar a segurança de Israel;

- O cessar-fogo não é solução e, portanto, os Estados Unidos continuam ao lado de Israel relativamente a isso, mas são sobretudo uma voz de exigência a Israel de proteção dos civis de Gaza - os Estados Unidos discordam de Israel na questão da expulsão dos palestinianos de Gaza e querem que a ONU tenha uma missão para que os coloque de novo em Gaza;

- E a terceira coisa é a preocupação relativamente ao alastramento, sobretudo a questão do Líbano e Blinken disse claramente que é preciso que haja uma solução pacífica no conflito entre Israel e o Hezbollah e não que haja uma nova frente de guerra, além de Gaza com o Hamas, a Norte com o Líbano.

Germano Almeida considera que "Netanyahu não está a conseguir travar os intentos mais bélicos da sua ala extremista".

Pode significar que das duas uma: ou Netanyahu consegue ir mais por uma via de solução com a comunidade Internacional, com os Estados Unidos e países árabes da região (...) os Estados Unidos disseram a Israel: Gaza terá que ter uma solução palestiniana e não como quer a via extremista do Governo de Netanyahu, que Israel mande totalmente no controlo de segurança e militar de Gaza.

A possibilidade de haver uma solução pós-guerra que passe por comités locais, palestinianos e, sobretudo, que Israel não domine Gaza a seguir e, portanto, é mais uma prova que Netanyahu está cada vez mais pressionado, interna e externamente.

Negociações no Egito para a libertação de mais reféns

Blinken voltou a dizer que há negociações com o Qatar e com o Egito. Nesse sentido, uma delegação israelita esteve nos últimos dias no Egito, sabemos que a do Hamas também esteve há uns dias.

"A verdade é que a situação no terreno em nada indicia nesse sentido. Israel continua a dizer que, enquanto não houver nova libertação de reféns, não permite o regresso dos civis palestinianos ao Norte de Gaza, o Hamas continua a dizer que, enquanto Israel continuar a fazer este número de vítimas, continuar a fazer a operação militar e enquanto mantiver os presos palestinianos nas cadeias israelitas, não há nova libertação de reféns".

Há mais de metade dos reféns, 130 e tal que ainda estão sob escolta do Hamas e também todos os dias há manifestações em Israel de famílias dos reféns que dizem coisas como "se dão ajuda humanitária a Gaza aos civis não se esqueçam que os nossos familiares estão e continuam presos junto dos terroristas do Hamas".

Nesta altura não há condições, principalmente de segurança para o regresso de palestinianos deslocados desde o início do conflito. Há a competente, de resto, a ONU. Sim, e por isso também.

Blinken disse que concorda que haja uma missão da ONU nesse sentido. A única resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas desde 7 de Outubro, que os Estados Unidos não vetaram, previa um mandato específico da ONU. O Secretário-Geral, António Guterres, chegou até a indicar uma coordenadora para essa missão, a atual Ministra das Finanças da Holanda, que já teve missões também nas Nações Unidas.

Ataques dos rebeldes houthis do Iémen no Mar Vermelho

Germano Almeida salienta o agravamento dos ataques dos rebeldes houthis do Iémen no Mar Vermelho. Estados Unidos e Reino Unido tiveram que ter ações muito claras nas últimas horas para travar, foram 21 ataques nos portos de Hodeida e Moca ao largo do Iémen. Ainda hoje, deverá haver uma resolução das Nações Unidas relativamente a isso,

"Estamos a falar de uma questão muitíssimo relevante, que prova que o perturbador continental Irão quer um alastramento da da do conflito, não tanto uma guerra, mas uma perturbação do comércio Internacional que tem efeitos nos preços, tem efeitos em questões como a Europa não conseguir receber devidamente os produtos da China e tem efeitos globais nos mercados e nas próprias economias num ano eleitoral em tantos sítios e, portanto, não sejamos ingénuos, o Irão e eventualmente a Rússia a quererem ter vantagens e a quererem perturbar a Europa e Estados Unidos usando o conflito no Médio Oriente".

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