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Israel cerca cidade de Gaza, no mesmo dia em que quatro escolas da ONU foram atingidas

Ao sexto dia da invasão, a progressão dos soldados estará a ser dificultada pelas minas terrestres e pelas armadilhas colocadas pelos combatentes do Hamas e dos aliados da Jihad Islâmica. Em Israel cresce ainda a pressão para cumprir o outro objetivo desta ofensiva: o resgate dos reféns.

Aurélio Faria

Vanda Paixão

Sofia Arêde

Israel anunciou na noite desta quinta-feira que já cercou a cidade de Gaza. Ao sexto dia da invasão, há combates intensos na maior área urbana do território. Pelo terceiro dia consecutivo, Israel bombardeou o campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza. Este ataque terá também atingido uma escola das Nações Unidas, onde milhares de deslocados procuram abrigo.

"Os nossos soldados completaram o cerco à cidade de Gaza, o centro da organização terrorista Hamas", declarou em conferência de imprensa o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari.

"O conceito de um cessar-fogo não está em cima da mesa", acrescentou o responsável militar, sobre a guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, desencadeada no dia 7 de outubro por um ataque de dimensões sem precedentes do Hamas a território israelita.

É com apoio aéreo que os soldados israelitas estão a avançar, lentamente, no norte da Faixa de Gaza.

No solo, as tropas localizam os alvos do Hamas que, depois de sinalizados, são bombardeados pelos helicópteros e pelos caças.

Ao sexto dia da invasão, a progressão dos soldados estará a ser dificultada pelas minas terrestres e pelas armadilhas colocadas pelos combatentes do Hamas e dos aliados da Jihad Islâmica. Permanecem entrincheirados na complexa rede de túneis e subterrâneos construída sob a maior malha urbana do território.

Em Israel cresce ainda a pressão para cumprir o outro objetivo desta ofensiva: o resgate dos reféns. Em Telavive, na praça Habima, mais de duzentas camas lembram os raptados pelo Hamas e que não dormem em casa desde o dia 7 de outubro.

Quatro escolas da ONU atacadas em Gaza

Quatro das escolas administradas pelas Nações Unidas na Faixa de Gaza que abrigam deslocados foram atingidas esta quinta-feira por ataques durante o conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas, informou a agência da ONU para os refugiados palestinianos.

A entidade disse que duas das escolas afetadas estão nos campos de refugiados de Jabaliya e Chati (norte) e outras duas em Boureij, mais a sul, e que os bombardeamentos deixaram 23 mortos.

Anteriormente, o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas afirmou que pelo menos 27 pessoas foram mortas num ataque israelita perto de uma escola da ONU no campo de refugiados em Jabaliya.

"Os corpos de 27 mártires foram recuperados e também há muitos feridos", disse o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qidreh, citado pela agência France Presse (AFP), que frisa que esta informação não pôde ser verificada imediatamente de forma independente.Nas imagens da AFPTV, são visíveis numerosos corpos ensanguentados caídos no chão em frente à escola, onde se refugiaram muitos deslocados da guerra em curso no Médio Oriente.

O campo de refugiados de Jabaliya, o maior da Faixa de Gaza, já foi alvo de bombardeamentos mortíferos na terça e na quarta-feira. Segundo o governo do Hamas, 195 pessoas morreram nestes ataques, um número que não pôde igualmente ser confirmado.

Pelo terceiro dia consecutivo, Israel bombardeou o campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza. Este ataque terá também atingido uma escola das Nações Unidas, onde milhares de deslocados procuram abrigo.

O campo de Jabalía, erguido durante a guerra de 1948 pelas Nações Unidas, para acolher alguns dos mais de 700 mil palestinianos que fugiram do então recém-declarado estado de Israel, é o maior dos oito campos de refugiados da Faixa de Gaza.

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