Uma substância química com duas faces: tem tanto de indispensável à nossa sobrevivência na Terra como tem o potencial de nos matar.
O ozono (O3) é uma substância química que consiste em três átomos de oxigénio ligados em forma de V. Ocorre naturalmente - através de reações na atmosfera - e artificialmente - é um poluente libertado pelos transportes e pelas atividades industriais.
Concentrações elevadas da molécula perto do solo colocam os seres humanos em maior risco de doenças respiratórias e aumentam as probabilidade de morte prematura.
No entanto, o ozono não é apenas uma má notícia. Presente na camada acima na estratosfera, cerca de 10 a 50 quilómetros acima, essa mesma molécula protege as nossas vidas: absorve entre 90 e 99 por cento da radiação ultravioleta que atinge a Terra vinda do Sol, impedindo-a de danificar os seres vivos cá em baixo.
O que é o buraco na camada de ozono?
Em 1985, cientistas das Estações de Pesquisa Halley IV e Faraday na Antártida anunciaram que as concentrações de ozono estavam a descer significativamente sobre o continente gelado a cada primavera desde o início dos anos 1970.
A concentração de ozono acima da Antártida diminuiu em 70 por cento, tornando a camada menos espessa - o “buraco” -, numa extensão de 16,3 milhões de quilómetros quadrados.
Explicação química para a destruição do ozono
Os átomos de oxigénio que compõem o ozono reagem facilmente com produtos químicos compostos de hidrogénio, azoto, cloro ou bromo. Pequenos compostos orgânicos chamados clorofluorcarbonetos (CFC) são particularmente eficientes na destruição de moléculas de ozono na presença da luz solar.
Os CFC foram produzido em enormes quantidades em todo o mundo em meados do século XX para ser usado como solvente e na refrigeração, em frigoríficos e ares condicionados. As emissões de CFC para a atmosfera, levadas pelos ventos polares, concentraram-se sobre a Antártida durante os meses de inverno.
Ao aderir às superfícies das partículas de nuvens estratosféricas, as moléculas de CFC reduziram constantemente as concentrações de ozono à medida que o sol da primavera e do verão alimentava a reação.
Em que ponto está o buraco na camada de ozono?
Em 1987, entrou em vigor o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozono, com as nações signatárias - entre a quais Portugal - a prometerem eliminar gradualmente a produção, uso e importação de CFC.
O acordo conseguiu acabar com a maioria dos processos industriais responsáveis pelas emissões de CFC e, desde então, houve uma diminuição constante nos declínios sazonais de ozono sobre a Antártida.
Em 2019, a dimensão do buraco foi a menor registada desde o início dos anos 1980.
O Protocolo de Montreal é saudado como um sucesso histórico.
Mas em 2021, os cientistas detetaram poluentes a destruir de novo a camada de ozono em algumas partes do mundo, estando em setembro desse ano com um tamanho superior ao da Antártida.
Em janeiro deste ano, voltaram as boas notícias, com os cientistas a afirmarem que o buraco estava a fechar e a ONU declarou que o buraco na camada de ozono poderá mesmo estar totalmente fechado daqui a 43 anos, em 2066.
Com as medidas atualmente em vigor para reduzir a produção e o consumo de químicos que destroem a camada de ozono, os cientistas tinham esperança que recuperasse para os níveis de 1980 até 2066.
Até que neste mês de outubro de 2023 foram revelados novos dados da monitorização do satélite europeu Copernicus que revelaram que o buraco na camada de ozono sobre a Antártida estava maior do que nunca.