A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que evacuar hospitais no norte de Gaza é “uma sentença de morte”, condenando a ordem de Israel para retirar doentes dos hospitais da região. Também a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) considerou a retirada "tão absurda quanto intolerável".
"A OMS condena veementemente as repetidas ordens israelitas para evacuar 22 hospitais, que tratam mais de 2.000 doentes no norte da Faixa de Gaza", declarou a agência especializada da ONU num comunicado.
Deslocar 2.000 doentes para o sul de Gaza, "onde os estabelecimentos de saúde atingiram já o máximo da sua capacidade e são incapazes de absorver um aumento considerável do número de doentes, poderá ser o equivalente a uma sentença de morte", sustentou a organização.
Também a presidente dos MSF França pediu, em comunicado, que Israel “mostre humanidade” a Gaza.
"Enquanto o exército israelita bombardeia a Faixa de Gaza sem restrições há uma semana, pedimos-lhe agora que mostre a mais elementar humanidade", afirmou Isabelle Defourny
"Estamos extremamente preocupados com o destino das pessoas que não puderam deslocar-se, como os feridos, os doentes e os prestadores de cuidados, e que tememos que sejam dizimados, tendo em conta as declarações das autoridades militares israelitas", acrescentou.
Os Médicos Sem Fronteiras afirmam que é impossível evacuar os hospitais em Gaza.
A diretora executiva da instituição refere a de falta de espaço, afirmando que os hospitais a sul estão sobrecarregados e não há eletricidade.
A responsável dos médicos sem fronteiras descreve como “cenário de pânico” o que se vive com a retirada de civis dos hospitais.
Urgência na evacuação
No sábado, Israel apelou aos palestinianos para que "não se atrasem" na evacuação do norte da Faixa de Gaza, prenunciando uma ofensiva terrestre após uma semana de guerra desencadeada pelo ataque mortal sem precedentes do Hamas, que já causou milhares de mortos.
O presidente da MSF França apelou igualmente para que os habitantes sejam autorizados a abandonar o enclave palestiniano sitiado, que se encontra sob bloqueio, e a refugiar-se no vizinho Egipto.
"A injunção para que cerca de 1,1 milhão de pessoas se desloquem em questão de horas para um território já superpovoado e com acesso precário a alimentos, água e cuidados de saúde é tão absurda quanto intolerável", disse o presidente da MSF França.
Avião chega com medicação
Chegou ao Egipto um voo humanitário com medicamentos para a faixa de Gaza enviado pela OMS, para apoiar as necessidades urgentes de saúde na região.
A ajuda é recebida no aeroporto de Al Arish, no Egipto, e depois armazenada até que a fronteira seja reaberta.
O aeroporto fica a quase duas horas de carro da fronteira de Rafah, em Gaza.
A organização de ajuda humanitária do Crescente Vermelho do Egipto diz que a ajuda internacional não pára de chegar.
[Com AFP e Lusa]