O ex-Presidente norte-americano Donald Trump deverá entregar-se esta quinta-feira às autoridades do estado da Georgia, no âmbito de um processo criminal em que é acusado de tentar reverter a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020.
Na terça-feira, o antigo governante norte-americano (2017-2021) deu essa garantia através de uma mensagem publicada na sua rede social (Truth Social).
Na mensagem, Trump afirmou que a sua "viagem" (nesta quinta-feira) à cidade de Atlanta não ia ser por ter cometido qualquer homicídio, mas por ter "feito uma chamada perfeita".
O ex-Presidente referia-se a um dos principais trunfos da acusação: a gravação em que Trump pede ao secretário de Estado da Georgia, Brad Raffensperger, para "encontrar" votos suficientes para vencer naquele estado, com o intuito de afastar o então candidato presidencial democrata, o atual Presidente Joe Biden, da Casa Branca.
A chamada telefónica em questão foi feita em 02 de janeiro de 2021.
Após entregar-se às autoridades, Trump deverá ser libertado da prisão do condado de Fulton, em Atlanta, após ter ouvido os termos da acusação e concluídos os procedimentos judiciais.
Este é o quarto processo criminal contra o ex-Presidente dos Estados Unidos e o segundo em que é acusado de tentar subverter os resultados da votação.
Na segunda-feira, a fiança de Trump neste processo foi fixada em 200.000 dólares (cerca de 184 mil euros).
A par da fiança, o ex-governante e atual candidato à nomeação republicana para as presidenciais de 2024 está proibido de contactar e de intimidar outros arguidos ou testemunhas do processo, inclusive nas redes sociais.
O republicano tem um reconhecido histórico de atacar os procuradores que lideram os casos contra si, incluindo a procuradora distrital responsável por este caso, Fani Willis.
A procuradora estabeleceu o prazo de até ao meio-dia de sexta-feira (17:00 em Lisboa) para que Trump e os restantes 18 arguidos do processo se entreguem na prisão do condado de Fulton para serem notificados.
Entre os acusados estão também o antigo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, bem como o seu ex-chefe de gabinete, Mark Meadows.
Willis propôs que a leitura das acusações aos arguidos decorra na semana de 05 de setembro e que o caso vá a julgamento em março.
Ao chegar à instituição prisional, o magnata, que conta com a proteção diária dos serviços secretos norte-americanos, poderá ter acesso a uma área restrita por razões de segurança.
Nas suas aparições anteriores num tribunal estadual de Nova Iorque e em tribunais federais de Miami e Washington, Trump não foi algemado enquanto esteve sob custódia judicial.
Também não foi obrigado a posar para uma fotografia, com as autoridades a usarem fotos existentes do ex-Presidente para procederem ao registo.
A prisão do Condado de Fulton, inaugurada em 1989, tinha mais de 3.200 detidos no início deste ano, acima da sua capacidade (cerca de 2.700 reclusos).
Num e-mail de angariação de fundos enviado na terça-feira, Trump criticou a sobrelotação da prisão em causa, descrevendo-a como uma "crise humanitária" e "uma prisão violenta"