O Partido Popular ganhou as eleições em Espanha sem maioria absoluta e quer formar governo. O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, pede ao PSOE que crie um bloqueio politico, mas Pedro Sánchez tem o apoio dos independentistas. A imprensa espanhola reflete hoje a incerteza política resultante das eleições legislativas antecipadas de domingo, com a esquerda a impedir uma maioria absoluta da direita, apesar da vitória dos conservadores do Partido Popular. Paulo Almeida Sande, advogado e especialista em Assuntos Europeus, faz a análise da situação política pós-eleitoral em Espanha.
Paulo Almeida Sande começa por referir que “todas as antecipações agora são perigosas” e que “em todo o caso, há inúmeras ilações a tirar desta destas eleições”.
“Feijó ontem, no seu discurso a que chamou de vitória, repetiu várias vezes que o partido que ganha deve governar, enfim, apelando a uma espécie de regresso ao passado. Já aqui foi dito que Aznar, de alguma forma ganhou assim, mas o país era muito diferente. As circunstâncias eram muito diferentes. Aquilo que parece neste momento, do ponto de vista objetivo da matemática, se quisermos, possível, é um governo de esquerda”, sublinha.
O analista político considera que neste momento parece estar a haver um confronto entre várias Espanhas. “Entre a Espanha, que dia 28 de Maio disse que não queria aquela solução do Governo, não queria, por exemplo, aquele peso ganho pelos independentistas que apoiam o Governo”, refere Paulo Almeida Sande.
O especialista em Assuntos Europeus considera que a situação em Espanha “será certamente muito instável".
"A minha previsão é que haverá eleições, terá de haver eleições antes do fim desta próxima legislatura”.
“É uma situação muito problemática para o futuro, sobretudo com estas linhas tão estreitas, mas enfim os espanhóis terão que tirar alguma conclusão”, defende Paulo Almeida Sande.
Resultados eleitorais
As eleições legislativas de domingo em Espanha terminaram sem maiorias absolutas à esquerda ou à direita, deixando em aberto quem liderará o próximo Governo.
O PP, com 136 deputados, e o VOX, com 33, só conseguiram somar 169 deputados no Parlamento, ficando a sete dos 176 necessários para a maioria absoluta.
O partido socialista (PSOE), que lidera o governo atual, foi o segundo mais votado e elegeu 122 deputados, que com os 31 da plataforma de extrema-esquerda Sumar totalizam 153 lugares.
No entanto, PSOE e Sumar poderão ter mais lugares no parlamento do que a direita e a extrema-direita por causa dos deputados eleitos pelos partidos regionais que tiveram como aliados na última legislatura.
Segundo as contas dos meios de comunicação social espanhóis, o PP, o VOX e outros partidos que em 2019 votaram contra a investidura do atual Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez têm agora 171 deputados, enquanto o bloco que viabilizou o executivo tem 172.