O Parlamento israelita aprovou uma parte essencial da reforma judicial proposta pelo Governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, apesar dos protestos de vários quadrantes políticos e sociais. Junto ao Parlamento há já dezenas de milhares de pessoas em protesto, mas espera-se que o número aumente nas próximas horas.
A votação ocorreu após uma sessão turbulenta, em que os deputados da oposição gritaram "Vergonha!", antes de abandonarem a sala, com a proposta do Governo a ser aprovada com 64 votos a favor e nenhum contra.
O ministro da Justiça diz que foi dado um "importante primeiro passo" no processo histórico da reforma da Justiça.
A reforma determina mudanças radicais que aumentam os poderes do Governo na área judicial, limitando a capacidade de o Supremo Tribunal contestar decisões parlamentares e alterando a forma como os juízes são selecionados.
Netanyahu e os seus parceiros de Governo alegam que as mudanças são necessárias e, desde o início, deram sinais de que não iriam alterar a sua postura, apesar dos fortes protestos sociais.
Os manifestantes -- que representam vários setores da sociedade -- olham para a reforma como uma tomada de poder alimentada por ambições pessoais de Netanyahu, que está a ser julgado num processo judicial por acusações de corrupção.
De acordo com o correspondente da SIC em Israel, a oposição considera que a reforça judicial pode levar a “corrupção e a um governo autoritário”.
Protestos em Israel
A lei é controversa e tem gerado protestos com milhares de pessoas nos últimos sete meses. Um deles continua a decorrer junto ao Parlamento, onde, ao início da tarde desta segunda-feira estavam já dezenas de milhares de pessoas. No entanto, o número deve aumentar nas próximas horas.
Na Edição da Tarde, o correspondente da SIC em Israel, Henrique Cymerman, fala num momento de “grande confusão” e numa “crise sem precedentes” e aponta para centenas de milhares de manifestantes nas ruas esta noite.
“É possível que o próprio Supremo Tribunal decida declarar a lei como inconstitucional e a anule”, adianta.
Henrique Cymerman explica que o Supremo Tribunal, que funciona como uma "espécie de árbitro", é visto como “demasiado liberal e progressista”.
Já foram registados detenções e confrontos com a polícia.