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Violência em França: poderá ser um grito dos jovens para chamar a atenção?

A SIC voltou ao bairro onde tudo aconteceu e falou com um jovem que conhecia Nahel, que diz existir um sentimento de opressão entre as minorias étnicas. Enquanto a violência continua, o Governo francês avança com medidas.

SIC Notícias

Mohamed Rayan, de origem marroquina, é um dos muitos filhos da imigração em Nanterre, nos arredores de Paris, uma cidade multicultural e multiétnica.

A morte de Nahel, o adolescente de 17 anos baleado pela polícia durante uma operação STOP foi há quase 2 semanas. Os melhores amigos de Nahel ainda estão num processo de aceitação.

"No final de contas, nós crescemos todos nas mesmas condições, seja naquilo que a sociedade nos fez sentir, seja no ambiente em que vivemos. (…) Falei com alguns amigos de Nahel, mas como dizia para os amigos e tudo ainda custa a acreditar”, conta Mohamed Rayan.

Rayan, de 23 anos, vendedor de carros, considera a inserção profissional complicada para as minorias etnícas e diz que, no fundo, a violência levada a cabo sobretudo por adolescentes, foi um grito para chamar a atenção.

“A uma dada altura, quando terminei o ensino secundário, eu tinha dificuldades dado que vinha de um determinado bairro, de uma determinada cidade, tenho um determinado nome. Com a violência nós exprimimos toda uma opressão que existe há 40 anos. É na verdade uma revolta que cresce em nós com o que nos vai acontecendo na vida”.

O jovem diz que o mundo viu que “a única forma de nos ouvirem é quando agimos através da violência”.

No entanto, toda esta forma de protesto indigna os mais velhos em Nanterre, que apontam para uma “geração sem educação” e que “não sabe dar valor as coisas”.

No centro da cidade, o rasto de destruição é ainda evidente. Há residentes com receio de que tudo possa voltar.

Governo quer controlar telemóveis para travar violência

O 14 julho, Dia Nacional em França, é na proxima sexta-feira. O Governo de Macron está em alerta máximo, mas já pensa em como ter mão nos motins a mais longo prazo.

Nos últimos dias, acelerou a aprovação de uma reforma da justiça que prevê que as autoridades possam ativar em alguns casos, de forma remota e sob decisão judicia, as câmaras e microfones dos telemóveis,

Outra medida a avançar é a possibilidade de seguir a localização de suspeitos investigados por crimes de terrorismo, delinquência e criminalidade organizada.

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