As buscas pelo submarino Titan continuam e existem cinco embarcações destacadas para ajudar a encontrar e resgatar os cinco ocupantes que em breve estima-se que fique sem reserva de oxigénio. O comandante Zambujo Madeira acredita que existe premeditação e organização nos sons que dão esperança de vida no submarino.
Enquanto se espera pelo desfecho, feliz ou não, do incidente, o comandante Zambujo corrobora as hipóteses que têm sido conhecidas sobre o que poderá ter acontecido para que o submarino tenha ficado preso ou perdido.
"A esta altura o que se espera é que esteja no fundo, encontrando-se descartada a possibilidade de estar à superfície. Sendo assim, pode ter havido uma falha de perda de porplusão, mas com os sons detectados podem indicar que os tripulantes estejam vivos", explica o comandante.
Os sons são “intencionais e organizados", segundo o comandante, indicando que há uma ”premeditação" na sua execução.
"Leva-nos a crer que ainda há discernimento de quem está a bordo, independentemente de estarmos a contar o tempo de oxigénio disponível, mas reforço a questão do reciclador de dióxido de carbono ainda estar em funcionamento", acrescenta Zambujo Madeira.
Nesta corrida contra o tempo, pelo fator limite do oxigénio, as buscas continuam já há várias horas e existe uma grande dificuldade em encontrar o submersível, tendo em conta o seu tamanho.
"O facto de ser um veículo tão pequeno ao estar assente no fundo perto de uma estrutura tão grande como o Titanic pode ser ocultado e estamos a falar de três mil metros de profundidade com dificuldade de movimentação", explica o comandante.
Há dois fatores que o comandante acredita que podem influenciar a perda de comunicação após 1:45 horas do começo da viagem:
- alagamento ou exaustão das baterias do veículo pode ter incapacitado a comunicação
- a coluna profunda de água atravessa diversas temperaturas e salinidades e isso tem influência na forma como o som se propaga, pode não estar a dirigir-se e a ser captado pelos sensores à superfície
Apesar da empresa Oceangate ser privada, existem pelo menos três Estados envolvidos no resgate.
"A busca e salvamento é uma obrigação de todos os Estados independentemente de estarmos a assistir a um acidente com um veículo que pela sua particularidade é construído fora do que é o padrão e legislação própria dos Estados e dos protocolos", acrescenta Zambujo Madeira.
Mesmo que se encontre o submarino, ainda existe a difícil logística de o puxar até à superfície, mas o comandante ressalva que os tripulantes nunca poderão ser resgatados sem, pelo menos, duas horas de ascensão do veículo.
"O veículo ao ser localizado, para serem retirados os tripulantes, nunca pode ser na profundidade, tem de ser içado à superfície para ser aberto. Pode haver apoio de mergulhadores ou ROV no apoio já mais perto da superfície", relata.
Os fatores principais em causa e que fazem com que o tempo se esteja a esgotar são: hipotermia, ausência de oxigênio e aumento do dióxido de carbono.