Mundo

Deputado brasileiro usa peruca para "gozar" com transgéneros e agora arrisca mandato

Veja aqui o momento. Com 1,5 milhão de votos, Nikolas Ferreira foi o deputado do partido de Bolsonaro mais votado do Brasil nas eleições legislativas de outubro passado.

SIC Notícias

Lusa

Um deputado brasileiro do partido de Jair Bolsonaro, Nikolas Ferreira, atacou mulheres feministas e pessoas transgénero num discurso na Câmara de Deputados, no Dia Internacional da Mulher. Tem o mandato em risco e enfrenta um inquérito do Ministério Público Federal Brasileiro.

Durante um discurso no plenário da Câmara dos Deputados na comemoração do Dia Internacional da Mulher, Nikolas Ferreira, o mais votado do Brasil em 2022, colocou uma peruca loira para criticar a população transgénero.

No discurso, disse ironicamente que "se sentiu mulher" com a peruca e que "as mulheres estão a perder espaço para homens que se sentem mulheres".

O Brasil, que criminalizou o crime de transfobia em 2019, manteve-se em 2022, pelo 14.º ano consecutivo, como o país onde transsexuais e travestis mais são assassinados do mundo.

Denúncias

Um grupo de organizações que atuam em defesa dos direitos das pessoas LGBTI+ e parlamentares apresentaram denúncias pelo crime de transfobia contra o deputado.

Para a Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, autoras de uma das denúncias, o pronunciamento do deputado configura discurso de ódio porque associa mulheres trans "a uma ameaça que deve ser combatida".

As entidades alegaram que esse tipo de discurso ameaça a integridade física da população LGBTI e lembraram os altos índices de violência contra esses grupos no país.

Na outra denúncia, apresentada por um grupo de 14 parlamentares encabeçados por Érika Hilton e Duda Salabert, as primeiras transexuais a chegarem ao Congresso brasileiro, os deputados acusam Ferreira dos crimes de humilhação de ocupante de cargo público por escolha de género e de ameaça usar de violência os direitos políticos de alguém por causa de seu género.

Além da possível investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar também pode passar por um processo político na Câmara dos Deputados, já que um grupo de deputados solicitou que o Conselho de Ética abra uma investigação para fins de destituição por transfobia.

O pedido de investigação na Comissão de Ética poderá mesmo avançar porque até o presidente da Câmara, Arthur Lira, criticou a atitude de Ferreira e disse que o plenário da Assembleia Legislativa não é "palco para exibicionismo e muito menos para discursos preconceituosos".

Pela jurisdição parlamentar, o deputado só pode ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal por crimes cometidos no exercício do mandato.

O deputado

Ferreira, com 1,5 milhão de votos, foi o deputado mais votado do Brasil nas eleições legislativas de outubro passado.

O parlamentar, uma das principais vozes da extrema-direita brasileira, é bastante popular e ativo nas redes sociais, graças aos seus 6,5 milhões de seguidores no Instagram.

Últimas