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Bolsonaro terá saído do Brasil e deverá faltar à tomada de posse de Lula da Silva

O ainda Presidente do Brasil está a caminho dos Estados Unidos, onde deverá ficar até ao final de janeiro.

Bruna Prado

SIC Notícias

Lusa

Jair Bolsonaro terá saído do Brasil, esta sexta-feira, em direção aos Estados Unidos, onde irá celebrar a Passagem de Ano. O avião presidencial descolou de Brasília e está previsto aterrar na Florida nas próximas horas. Desta forma, o ainda Presidente não deverá participar na tomada de posse de Lula da Silva, onde era suposto entregar a faixa presidencial ao sucessor.

Segundo a plataforma FlightAware, o avião presidencial deixou a capital federal às 14:02 (hora local, 17:02 em Lisboa) e deverá aterrar em Orlando, na Florida, pelas 20:10 (hora local, 01:10 do dia seguinte em Lisboa).

Apesar do Governo não confirmar que Jair Bolsonaro esteja a bordo do avião presidencial. No entanto, m declarações à CNN Brasil, Bolsonaro confirmou estar em viagem: "Estou em voo, volto em breve.” Com a saída de Bolsonaro do país Hamilton Mourão, vice-presidente, assume os comandos do país até à tomada de posse de Lula da Silva.

O DW avança que a acompanhar o Presidente, estão também a primeira-dama, Michelle, e a filha do casal, Laura. A estadia da família deverá estender-se durante, pelo menos, um mês. A imprensa local avança que Bolsonaro deverá ficar hospedado num resort do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, em Palm Beach.

Segundo uma portaria publicada esta sexta-feira no Diário Oficial da União, a equipa de segurança de Bolsonaro foi autorizada a sair do país entre 1 e 30 de janeiro. Também vários assessores foram destacados para apoiar o futuro ex-Presidente.

A viagem aos Estados Unidos já tinha sido colocada em cima da mesa, embora o Presidente não tenha confirmado. O Governo do Brasil tinha dado a entender que a ida para Miami deveria acontecer ainda esta sexta-feira.

A confirmar-se que Bolsonaro saiu do Brasil, o ainda Presidente vai faltar à tomada de posse do sucessor, Lula da Silva, que decorre no primeiro dia do ano. A presença de Bolsonaro na cerimónia – onde deveria entregar a faixa presidencial ao sucessor – era uma das principais questões por responder.

"Não vamos acreditar que o mundo acaba a 1 de Janeiro"

Antes de partir, Bolsonaro, numa última transmissão ao vivo nas suas redes sociais, nos seus últimos momentos na residência presidencial oficial - Palácio da Alvorada, em Brasília -, instou os seus seguidores a permanecerem firmes contra Lula da Silva.

"Não vamos acreditar que o mundo acaba a 1 de Janeiro" com a tomada de posse de Lula, declarou Bolsonaro, soluçando, e pediu aos seus apoiantes "que não joguem a toalha ou deixem de se lhe opor", embora pacificamente e dentro do quadro constitucional. "O Brasil não sucumbirá, acreditem em vocês (...) Perde-se a batalha, mas não perderemos a guerra", defendeu o Presidente cessante brasileiro.

"Nada justifica aqui em Brasília essa tentativa de ato terrorista no aeroporto de Brasília. Nada justifica. Um elemento que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com nenhum cidadão. Agora massifica em cima do cara como 'bolsonarista' do tempo todo. É a maneira de a imprensa tratar", acrescentou Bolsonaro, referindo-se a um seguidor que tentou explodir um camião com combustível, mas acabou preso pela polícia.

Numa declaração que durou pouco mais de uma hora, Bolsonaro não reconheceu plenamente a sua derrota nas eleições de outubro passado nem parabenizou Lula da Silva - o que nunca aconteceu até agora -, e insistiu ter sido vítima da justiça eleitoral que, na sua opinião, favoreceu o Presidente eleito com várias decisões.

Bolsonaro reiterou que a sua liberdade e a dos grupos de extrema-direita que o apoiam teriam sido limitadas e que eles foram impedidos de denunciar as falhas que, segundo insiste em afirmar sem apresentar qualquer prova, ocorreram no sistema de votação eletrónica que é usado no Brasil desde 1996.

Sem citar o nome de Lula da Silva, o Presidente brasileiro afirmou que "o novo Governo que vem aí vai criar muitos problemas" e vai "impor ao país uma ideologia desastrosa que não deu certo em nenhum lugar do mundo".

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