O Papa Francisco pediu esta quarta-feira orações pelo Papa Emérito Bento XVI ao afirmar que está "muito doente". O Vaticano confirmou entretanto o agravamento do estado de saúde de Ratzinger e a visita de Bergoglio
“Gostaria de pedir a todos uma oração especial pelo Papa Emérito Bento XVI. Lembremo-nos dele, que está gravemente doente, para pedir ao Senhor que o console e sustente neste testemunho de amor à Igreja, até o fim", disse Francisco em italiano, no final da audiência geral de quarta-feira
Vaticano confirma agravamento do estado de saúde de Bento XVI
Ao final da manhã, a Santa Sé confirmou o agravamento do estado de saúde de Bento XVI e a visita de Francisco ao mosteiro Mater Ecclesiae, onde o Papa Emérito reside.
"Posso confirmar que nas últimas horas houve um agravamento devido à sua idade avançada. A situação mantém-se de momento controlada, constantemente monitorizada pelos médicos", anunciou em comunicado o diretor do serviço de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
Bento XVI, cujo verdadeiro nome é Joseph Aloisius Ratzinger, tem 95 anos. Foi Papa da Igreja Católica e bispo de Roma de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013, data em que renunciou por motivos de saúde, tornando-se o primeiro Papa em cerca de 700 anos a renunciar.
Desde então é Bispo emérito da Diocese de Roma e mora num mosteiro no Vaticano.
Pontificado marcado por várias crises
Os oito anos de pontificado ficaram marcados por várias crises, nomeadamente pelo escândalo dos abusos de crianças no seio da Igreja Católica.
No início de 2022, Bento XVI quebrou o silêncio após uma reportagem divulgada na Alemanha sobre a sua gestão da pedofilia quando era arcebispo de Munique. Numa carta divulgada em fevereiro pelo Vaticano, pediu “perdão” às vítimas de violência sexual cometida por membros do clero, mas garantiu que jamais encobriu padres que cometiam abusos durante o período em que ocupou cargos na Igreja Católica.
A sua renúncia, anunciada em latim a 11 de fevereiro de 2013, foi uma decisão pessoal em consequência dos seus problemas de saúde e não devido à pressão mediática, assegurou o Papa Emérito num livro autobiográfico publicado em 2016.
Esta decisão, sem precedentes em cerca de 700 anos, abriu caminho para os seus sucessores. O próprio Francisco, com 85 anos e problemas no joelho, também já deixou essa possibilidade em aberto.