Milhares de páginas de documentos selados do caso Johnny Depp-Amber Heard foram revelados durante o fim de semana, com informações que as equipas de defesas tentaram submeter como provas, mas que não foram aceites pela juíza do processo.
O julgamento que opôs os dois atores terminou em junho, mas o caso continua a dar que falar.
Entre as seis mil páginas agora reveladas, encontram-se as mensagens trocadas entre Depp e Marilyn Manson, acusações de prostituição e disfunção erétil, e ainda a recusa de Heard em receber milhões de dólares do quinto filme da saga "Piratas das Caraíbas".
As fotografias sem roupa e as acusações de prostituição
De acordo com o Deadline, a equipa de Amber Heard alegou que os advogados de Johnny Depp queriam introduzir "assuntos pessoais irrelevantes", como fotografias em que a atriz aparecia nua e a "breve carreira de Amber como dançarina exótica".
Falaram ainda nas "insinuações" de que a atriz tinha sido, em tempos, acompanhante. Alegações estas que a defesa considerou "infundadas, incendiárias, irrelevantes e destinadas a assediar Amber Heard".
Apesar de ter adiantando que não previa a introdução destas possíveis evidências, a equipa do ator admitiu que "era possível vislumbrar um cenário em que as fotografias se tornariam muito relevantes no contexto do caso, por exemplo para mostrar a falta de ferimentos visíveis".
As acusações de disfunção erétil
Por sua parte, a equipa da atriz tentou utilizar o historial médico do ex-marido para demonstrar que Depp sofre de disfunção erétil - o que, segundo os advogados, serviria para provar a tese dos abusos sexuais.
Durante o julgamento, a atriz de "Aquaman" acusou o ex-marido de a ter agredido sexualmente durante o casamento.
Sob interrogatório por parte dos seus advogados, Heard disse que Depp a agrediu "várias vezes", geralmente quando estava sob o efeito de álcool ou drogas. A atriz contou que, durante um fim de semana passado com amigos, em maio de 2013, o ex-companheiro rasgou-lhe o vestido, arrancou-lhe a roupa interior e "foi procurar cocaína" no seu corpo.
As mensagens trocadas com Marilyn Manson
Os documentos agora revelados mostram também a troca de mensagens entre Johnny Depp e o músico Marilyn Manson, alvo de processos de abuso sexual e violência doméstica movidos por, pelo menos, 15 mulheres, entre as quais a ex-noiva Evan Rachel Wood.
A equipa de Depp esforçou-se para afastar estas mensagens, alegando que a relação entre os dois poderia prejudicar o cliente, ao ser "condenado por associação".
Segundo o New York Post, numa mensagem de 2016, Manson terá escrito: "Estou com uma amber 2.0" e também "A Lindsay está a ser como a Amber... por favor apaga". O músico acusava a atual mulher - Lindsay Usich - de se comportar como a ex-mulher do amigo.
"Tenho estado a ler IMENSO material sobre comportamento sociopata... é real meu irmão!! A minha ex é um maldito livro", terá sido a resposta de Depp, de acordo com os documentos.
Manson terá ainda escrito: "Estou num sério cenário de polícia tipo amber com a família da L. Estou a stressar. Não sei se estás de volta, mas preciso de asilo em algum lado porque acho que os polícias podem estar a vir até mim".
A recusa em receber milhões de dólares
Amber Heard terá recusado "dezenas milhões de dólares" a que teria direito durante o divórcio devido ao papel que Johnny Depp desempenhou no quinto filme da saga "Piratas das Caraíbas".
O ator começou a gravar o filme "Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias" logo após se casar com a atriz, em 2015. Por não terem assinado um acordo pré-nupcial, Heard teria direito a metade dos ganhos, segundo os documentos.
Mas a atriz de "Aquaman" terá recusado, dizendo que não queria o dinheiro de Johnny Depp.
Numa prova apresentada pela equipa de defesa de Heard, os advogados consideram que isto mostrava que a atriz "era incrivelmente fiel à sua palavra de que isto não se trata de dinheiro".
O resultado do julgamento
Após seis semanas de testemunhos em tribunal, e que foram acompanhados por milhares de pessoas em todo o mundo, o júri decidiu que a atriz é culpada de difamar o ex-marido, incluindo as acusações de ter atuado com "malícia" e de proferir falsos testemunhos propositadamente.
Heard foi condenada a pagar uma compensação de 15 milhões de dólares (10 milhões em compensações e cinco milhões por danos punitivos), um valor abaixo do que Depp pedia. O júri decidiu ainda que a atriz deverá receber uma compensação de dois milhões de dólares, mas não irá receber por danos punitivos.
Em causa, estava o processo de difamação que Johnny Depp apresentou contra a ex-mulher, na sequência de um artigo em que a atriz dizia ter sido vítima de violência doméstica.
No artigo, Amber não referia o nome do ator, mas os advogados de Depp consideram que ficou claro que se referia a ele, prejudicando a reputação e carreira do ator.