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Em Plutão, os vulcões lançam gelo

Os cientistas estão entusiasmando com uma característica nunca encontrada noutro lugar do sistema solar.

Na superfície de Plutão, estranhos aglomerados nunca antes vistos no sistema solar indicam que podem ter sido formados a partir da erupção de vulcões de gelo. Os cientistas estão entusiasmando com uma característica nunca encontrada noutro lugar do sistema solar.

Um novo estudo revela que os vulcões de gelo estavam ativos até uma era relativamente recente no planeta anão do sistema solar, revela um estudo publicado esta terça-feira na Nature Communications.

A análise de imagens captadas pela sonda da NASA New Horizon sugere que a temperatura interior de Plutão permaneceu mais quente do que se pensava durante um tempo suficiente para permitir esse fenómeno.

Em vez de projetar lava, os vulcões de gelo lançam “uma mistura espessa e húmida de água e gelo, ou talvez até um fluxo sólido como o dos glaciares” que existem na Terra, disse à AFP Kelsi Singer, cientista do Southwest Research Institute, no Colorado.

Sabemos da existência de vulcões de gelo em várias luas do sistema solar, como Tritão, o maior satélite natural de Neptuno. Mas os de Plutão “parecem muito diferentes de tudo o que vimos até agora”, acrescentou a coautora do estudo.

Existem “grandes extensões de vulcões de gelo muito grandes, com uma notável textura de relevo ondulado” neste astro no final do sistema solar. É difícil datar com precisão a formação desses vulcões, “mas achamos que podem remontar a algumas centenas de milhões de anos ou até menos”, segundo Singer. Um momento numa história que remonta a milhares de milhões de anos.

Armazenamento de água líquida?

Na região onde não existem crateras de impacto, causadas pelo embate de asteroides, os cientistas não excluem a hipótese de que ainda estejam a ser formados vulcões de gelo.

Essas descobertas são “muito importantes”, segundo Lynnae Quick, cientista planetária especializada em criovulcanismo do Goddard Space Flight Center da NASA.

“Elas sugerem que um pequeno corpo celeste como Plutão, que teria perdido a maior parte do seu calor interno há muito tempo, conseguiu reter energia suficiente para alimentar a atividade geológica até muito tarde na sua história’, explicou.

“Estas informações devem permitir-nos reavaliar a possibilidade de conservação de água líquida em pequenos mundos gelados longe do Sol” – como nas luas de Júpiter – Ganimedes, Europa e Calisto.

David Rothery, professor de geociência planetária da Open University do Reino Unido, explicou que “não se sabe o que forneceu o calor necessário para a erupção desses vulcões de gelo”.

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