O Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ofereceu esta sexta-feira ao Papa Francisco, que o recebeu no Vaticano, uma cruz feita de arame farpado usado para proteger a fronteira entre as duas Coreias.
Colocada sobre uma base de madeira, a pequena cruz cristã oferecida ao Papa Francisco foi feita a partir do derretimento de arame farpado enferrujado.
"Assim como o arame farpado e as suas pontas se derretem no fogo para se tornar uma bela cruz, espero que possamos derreter para sempre essa barreira terrível que separa os nossos corações", escreveu Moon Jae-In, num texto em espanhol.
Ao contrário do que o seu nome possa sugerir, a Zona Desmilitarizada que divide a península coreana ao longo de mais de 250 quilómetros é um dos lugares mais fortificados do planeta, com cercas de arame farpado e campos minados, tornando qualquer tentativa de travessia extremamente perigosa.
"A República da Coreia [Coreia do Sul] é o último território dividido no mundo. A função do arame farpado na península coreana é evitar que os do lado oposto cruzem a fronteira", explicou Moon.
O Papa Francisco retribuiu com uma medalha de bronze representando o projeto original do artista Bernini para a construção da praça de São Pedro, no Vaticano.
Num comunicado, o Vaticano destacou que Seul e a Santa Sé "compartilham a esperança de que o esforço comum e a boa vontade possam promover a paz e o desenvolvimento na península coreana, apoiados pela solidariedade e pela fraternidade".
Este é o segundo encontro entre Jorge Bergoglio e Moon Jae-in, após a visita deste último ao Vaticano, em 2018.
O líder sul-coreano lembrou então a visita que fizera um mês antes a Pyongyang, durante a qual o líder norte-coreano Kim Jong-un, "expressou o seu desejo de receber o Papa em seu país". Contudo, Kim Jong-un nunca chegou a convidar oficialmente o Papa.
Esta sexta-feira, Moon disse ao Papa Francisco que a eventualidade de uma visita papal à Coreia do Norte "criaria um impulso para a paz na península coreana".
Francisco visitou em 2014 a Coreia do Sul, onde apelou à reconciliação na península.
A Coreia do Sul tem 5,9 milhões de católicos, segundo dados da Conferência Episcopal Coreana, o que corresponde a 11,2% da sua população.
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