A última publicação de Gabby Petito na sua conta de Instagram foi no dia 25 de agosto. Várias fotografias mostram a jovem sorridente a segurar numa abóbora em miniatura, com a legenda "Feliz Halloween". No entanto, o FBI sugere que a jovem não comemorava o Halloween. Gabby e o namorado estavam a viajar pelos Estados Unidos desde o início de julho. A viagem estava a ser documentada nas redes sociais, até ao momento em que deixou de haver publicações.
O desaparecimento da norte-americana de 22 anos provocou uma cobertura mediática em relação ao seu paradeiro. O facto de ser ter milhares de seguidores influenciou essa cobertura quanto comparada com outros casos. Gabby e o namorado tinham um canal de viagens no Youtube e contas de Instagram com centenas de milhares de seguidores.
A vida e a relação com o namorado estão documentadas em fotografias e vídeos. As publicações deram algumas pistas às autoridades. Quão realista foi o retrato de vida de Gabby? Escondeu "o pior lado" da relação para atrair seguidores? Fotografias das aventuras na viagem com a hashtag #vanlife mostram a rapariga com um ar feliz e apaixonado.
“Síndrome da mulher branca desaparecida”
A atenção e a cobertura que o caso tem tido nos média confirma o fenómeno conhecido como “síndrome da mulher branca desaparecida”. Nos Estados Unidos, metade das pessoas que desaparecem não são brancas, mas a maioria destas famílias não vê os casos divulgados.
No Wyoming, onde Gabby foi encontrada, desaparecem mulheres indígenas todos os dias. Na última década apenas 18% teve cobertura mediática. Em Nova Iorque e na Califórnia, por exemplo, 34% dos casos de adolescentes brancas desaparecidas tem a atenção dos média. A percentagem desce para os 7% quando são raparigas negras.
Discussão e confrontos físicos
A 12 de de agosto, o casal foi encontrado a ter uma discussão pela polícia de Moab, no Utah, que divulgou o vídeo do encontro. O casal estava com uma testemunha, que assistiu a confrontos físicos após a discussão.
"Mas tanto um como o outro disseram que estavam apaixonados e prestes a casar e que não queriam que nenhum deles fosse acusado de um crime", escreveu o polícia Daniel Robbins no relatório.
Por sugestão dos polícias que estavam no local, o casal separou-se durante a noite, mas Gabby estava "confusa e emocional".
Entre os vários testemunhos que surgiram nos últimos dias, um dá conta de uma discussão num restaurante, onde Brian terá sido muito agressivo, e outra num parque natural. Há também uma chamada para o 112 na qual uma testemunha conta ter visto um jovem a esbofetear a namorada.
Dois Youtubers terão filmado a viatura em que o casal viajava, no dia 27 de agosto, antes da jovem desaparecer. O vídeo mostra a zona do parque onde os restos mortais de Gabby Petito foram encontrados. As filmagens foram entregues ao FBI. A jovem falou pela última vez com a família, por mensagem, nesse dia. O mesmo dia em que pararam as publicações nas redes sociais.
A mãe não acredita que tenha sido enviada pela filha a mensagem que recebeu no dia 30, dizendo só “nesta zona não há rede”.
Sabe-se agora que a 29 de agosto, no Wyoming, perto do local onde o corpo de Gabrielle foi encontrado, Brian terá pedido boleia a um casal a quem disse ter estado a acampar sozinho durante vários dias, enquanto a namorada ficara na carrinha a trabalhar nas publicações das redes sociais.
Namorado regressa a casa sozinho
Brian Laundrie, o namorado, regressou à casa do casal a 1 de setembro - 10 dias antes da família da jovem a dar como desaparecida -, contratou um advogado e, juntamente com a família, recusou-se a falar com os investigadores. A autocaravana foi apreendida para ser analisada.
O corpo da rapariga foi encontrado no Parque Nacional de Wyoming, nos Estados Unidos. O médico legista confirma que se trata de um homicídio, mas não adiantou a causa da morte. Foi encontrado perto do local onde a autocaravana em que Gabby viajava com o namorado foi vista por turistas no final de agosto.
A polícia de North Port recorreu às redes sociais para pedir ajuda para as buscas. No Twitter, pediu para as pessoas entrarem em contacto com o FBI se tivessem pistas sobre o paradeiro de Brian, o namorado. Noutros anos, a maioria das informações era divulgada pela polícia em conferências de imprensa ou comunicados. Através das redes sociais, as informações chegam de forma mais rápida, em tempo real, e tem maior alcance.
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