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Associação denuncia operação policial contra jornalistas na Bielorrússia

Polícia da Bielorrússia invade casa de vários jornalistas da agência noticiosa privada BelaPan.

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Lusa

A polícia da Bielorrússia invadiu esta quarta-feira a casa de vários jornalistas da agência noticiosa privada BelaPan no âmbito de um inquérito sobre organização de "atos contra a ordem pública", denunciou a Associação Bielorrussa de Jornalistas.

A associação disse que se trata do último exemplo da ofensiva do regime do Presidente Alexander Lukashenko contra os meios de comunicação social e a oposição, segundo a agência France-Presse.

Um dos visados foi o editor adjunto da BelaPAN, Alexander Zaitsev, numa operação de busca à sua residência que durou cerca de uma hora, disse a associação. Os agentes apreenderam o telemóvel, um disco rígido e um 'tablet' do jornalista, precisou a associação. Segundo a mesma fonte, foi aberto um inquérito por "organizar atos que violavam a ordem pública".

Outra busca visou a casa da chefe de redação da agência, Irina Levchina, de acordo com os seus colegas citados pela associação.

O jornalista Zakhar Shcherbakov, também da BelaPAN, foi levado pela polícia para ser interrogado depois de a sua casa ter sido revistada, disse a sua mulher, Elena, no Facebook.

Os 'websites' da agência belapan.by e belapan.com não estavam acessíveis esta quarta-feira de manhã, depois de terem publicado duas mensagens em que anunciavam as buscas.

Repressão atinge meios de comunicação social

O regime da Bielorrússia iniciou uma campanha contra a oposição depois do movimento de protesto que surgiu no país em agosto de 2020, contra a reeleição de Alexander Lukashenko.

Durante meses, o movimento de protesto reuniu dezenas de milhares de manifestantes antes de perder o ímpeto após detenções, violência, exílio forçado e julgamentos.

A repressão também atingiu os meios de comunicação social. Em fevereiro, duas jornalistas do canal de televisão da oposição Belsat, Daria Chultsova e Katerina Bakhvalova, foram condenadas a dois anos de prisão sob a acusação de "fomentar a agitação" através da cobertura do protesto de 2020.

Em julho, as autoridades bloquearam o acesso ao 'site' de um dos principais meios de comunicação social da oposição, Nacha Niva, depois de já terem bloqueado a principal plataforma de Internet do país, TUT.BY, em maio.

O regime bielorrusso também prendeu o jornalista exilado Roman Protassevich no final de maio, depois de o avião comercial em que viajava ter sido intercetado e obrigado a aterrar em território bielorrusso.

Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, negou numa recente conferência de imprensa que tenha havido qualquer repressão no país e acusou os críticos de tentarem encenar um "golpe de Estado" com a ajuda do Ocidente, para atacar a Rússia.

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