O Prémio Nobel da Física 2019 foi hoje atribuído a três cosmólogos pela sua contribuição para a compreensão da evolução do Universo e "o lugar da Terra no cosmos".
Metade do prémio é atribuído a James Peebles "por descobertas teóricas em cosmologia física" e pelo seu contributo para conhecer melhor a história do universo desde o Big Bang, e a outra metade é atribuída em conjunto a Michel Mayor e Didier Queloz "pela descoberta de um exoplaneta na órbita de uma estrela como o Sol" - Pegasi 51.
Os três cientistas dividirão o prémio em dinheiro no valor de 9 milhões de coroas (918.000 dólares - 835 mil euros), uma medalha de ouro e um diploma, numa cerimónia em Estocolmo, no dia 10 de dezembro.
"Estranhos mundos novos ainda estão a ser descobertos, numa quantidade incrível de tamanhos, formas e órbitas"
Na rede social Twitter, o comité do Nobel salienta que os suíços Mayor e Queloz, da universidade de Genebra, "iniciaram uma revolução na astronomia e mais de 4.000 exoplanetas foram descobertos desde então".
"Estranhos mundos novos ainda estão a ser descobertos, numa quantidade incrível de tamanhos, formas e órbitas".
Sobre o trabalho do norte-americano James Peebles, considera que "é a base do conhecimento atual da história do Universo, do Big Bang até ao presente".
Nascido em Winnipeg, no Canadá, em 1935, Peebles é professor na universidade de Princeton e o seu trabalho na área da cosmologia permitiu chegar ao modelo hoje aceite sobre a história do Universo, que terá evoluído ao longo de 14.000 milhões de anos de uma esfera quente e densa para o universo atual: vasto, frio e em expansão.
Peebles "interpretou os vestígios da infância do universo e descobriu novos processos físicos", refere a Real Academia, acrescentando que o trabalho do laureado permitiu concluir que "apenas 05 por cento do Universo observável consiste em estrelas e planetas".
"Os restantes 95% são misteriosos e compostos do que os físicos chamam energia escura e matéria escura", indica, referindo que se teoriza que a "chamada energia escura mova a expansão do universo, enquanto a matéria escura é a substância invisível que parece rodear as galáxias, revelando-se apenas pelo seu efeito gravitacional".
Em entrevista à Academia, Peebles afirmou que é preciso admitir que "a matéria escura e a energia escura são misteriosas", com "muitas perguntas por responder".
Questionado sobre a hipótese de vida em outros planetas, afirmou ter bastante certeza de que existe, mas admitiu ser muito difícil calcular se assume a mesma forma que na Terra.
"Este prémio é simplesmente extraordinário"
Em comunicado, a Universidade de Genebra afirmou que Mayor e Queloz reagiram ao prémio dizendo que a sua descoberta "é a mais importante" da sua carreira e que receber o Nobel por ela "é simplesmente extraordinário".
Recordam ainda que quando anunciaram a descoberta, há 24 anos, "ninguém sabia se os exoplanetas existiam ou não", porque "astrónomos ilustres procuravam-nos há anos, em vão".