O temido líder da Cosa Nostra conseguiu escapar às autoridades durante 24 anos, até ser finalmente detido em 1993.
Salvatore "Totò" Riina nasceu em 1930 numa família pobre de agricultores em Corloene, na Sicília, terra natal do famoso "Don Corloene", personagem fictícia criada para a trilogia "O Padrinho" de Francis Ford Coppola.
O pai de Riina foi morto quando tinha 13 anos. Aos 19 juntou-se à máfia local, cumprindo o ritual do primeiro homicídio para ser admitido na organização. A partir daí, a sua importância na Cosa Nostra foi crescendo até se tornar, em 1970, o "chefe dos chefes". A sua reputação sanguinária fez com que merecesse a alcunha de "A Besta".
Durante quase um quarto de século escapou à perseguição da polícia, tempo em que afinal esteve sempre na Sicília, ilha com pouco mais de 25.500 km².
Falcone e Borsellino mortos pela máfia um ano antes da detenção de Riina
Em 1992, um ano antes de ser capturado, os juízes que se celebrizaram pela luta contra a máfia, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, foram mortos no confito cerrado de Riina contra o Estado.
Ainda na década de 80, Falcone e Borsellino conseguiram levar vários mafiosos ao banco dos réus, um feito até então inédio no combate à Cosa Nostra.
Mesmo depois de detido, Riina ordenou vários homicídios. Um dos casos mais chocantes foi a morte de um rapaz de 13 anos, que tinha sido raptado. O esquema que pretendia impedir revelações sobre a máfia, o ato bárbaro levou a que o menor fosse estrangulado e o seu corpo diluído em ácido.
Em reação á sua detenção, em 1993, Roma Milão e Florence foram alvo de ataques bombistas organizados pela rede mafiosa. Estes atentados causaram 10 mortes.
Sem arrependimento até ao final da vida
Riina foi detio ao abrigo do Artigo 41, que impunha um regime especial com medidas de alta segurança para mafiosos, de modo a que estes prisioneiros fossem obrigados a cortar toda e qualquer relação com a rede criminosa que integravam. Esse regime impunha restrições rigorosas mesmo às visitas de familiares.
Vítima de cancro no fígado, sofria também de problemas cardíacos e Parkinson. Nos últimos estava em coma induzido na prisão hospital de Parma, no norte de Itália. Devido ao frágil estado de saúde, foi nos últimos tempos concedida à família uma autorização especial de visita.
Petições para que na última fase da vida transitasse para prisão domiciliária foram acompanhadas por protestos violentos de familiares de algumas das suas vítimas.
Ainda este ano, foram divulgadas declarações de Riina que demonstravam ausência total de arrependimento:
"Não me arrependo de nada... Eles nunca me irão vergar, mesmo com 3.000 anos de prisão", divulgou a agência France Presse.
O filho mais velho de Riina, Giovanni, está também a cumprir pena de prisão por quatro homicídios.