Trump respondeu assim à pergunta sobre por que razão aceitou a demissão de Manafort, que se juntou à campanha em março de 2016 e a dirigiu entre junho e agosto e que esta semana se entregou ao FBI (polícia federal dos Estados Unidos) depois de ter sido acusado de crimes financeiros, no âmbito de uma investigação independente sobre as relações entre a equipa do agora Presidente norte-americano e a Rússia.
"Acho que encontrámos algo em que ele podia estar envolvido, com certas nações, e nem sequer sei exatamente o que era, em particular, mas pensámos que era melhor afastar o Paul, porque não queríamos ter nenhum potencial conflito", disse Trump na entrevista, hoje emitida pela estação de televisão ABC News.
"Podia tê-lo mantido mais tempo, não creio que alguém se queixasse. Mas não queríamos ter nenhum conflito de interesse potencial, em absoluto", acrescentou.
Manafort demitiu-se do seu cargo de diretor de campanha Trump depois de o diário The New York Times ter publicado que ele recebeu, entre 2007 e 2012, quase 13 milhões de dólares de um partido ucraniano pró-russo, pelo que estava a ser investigado pelo Departamento Anti-Corrupção de Kiev.
Em 30 de outubro, Paul Manafort e o seu ex-sócio Rick Gates entregaram-se ao FBI após serem acusados de 12 crimes financeiros, no âmbito da investigação dirigida pelo procurador especial Robert Mueller sobre as ligações entre a Rússia e a campanha de Trump.
Segundo Mueller, os acusados criaram uma "rede de entidades e contas bancárias" em diferentes países para ocultar até 75 milhões de dólares que obtiveram principalmente do Governo pró-russo da Ucrânia e de outros oligarcas russos a quem ajudaram, por exemplo, a melhorar a sua imagem nos Estados Unidos.
As acusações, em relação às quais ambos se declararam culpados, referem-se a uma atividade anterior à entrada de Manafort na campanha de Trump, e o Presidente sublinhou, na entrevista, que o acusado "não esteve muito tempo" na sua equipa eleitoral.
O chefe de Estado também reiterou que, de momento, não tem planos para despedir Mueller, como fez em maio com o então diretor do FBI, James Comey, que foi o primeiro a dirigir a investigação sobre a Rússia.
"Espero que [Mueller] esteja a tratar tudo de forma justa e, se estiver a fazê-lo, vou ficar muito satisfeito, porque, no que se refere à inocência, eu realmente não estou envolvido em nenhum tipo de conluio com a Rússia", declarou Trump.
"O último que a Rússia queria que fosse Presidente era eu, pela minha atitude quanto ao petróleo e quanto aos militares e à força", acrescentou.
O Presidente norte-americano disse também que não espera que Mueller o interrogue em algum momento da investigação, porque "ninguém" lhe disse que se preparasse para isso.
"Eu não estou a ser investigado", frisou.
Lusa