"Quando abandonarem os planos de independência, podemos falar", disse Luís de Guindos numa entrevista ao jornal de referência britânico Financial Times publicada na edição de hoje.
Para este responsável governamental, a "Catalunha já tem muita autonomia", mas mesmo assim seria possível falar no futuro "numa reforma do sistema de financiamento e de outros assuntos".
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu no início do mês, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para 1 de outubro.
A quase uma semana da consulta popular, que ainda não se sabe se se vai realizar, tem aumentado a tensão entre os separatistas e as instituições espanholas que tentam impedir a realização do referendo.
A polícia espanhola confiscou na quarta-feira nos arredores de Barcelona quase 10 milhões de boletins de voto que iam ser utilizados no referendo e numa outra operação revistou uma série de edifícios do Governo regional e deteve 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação da consulta popular.
Na entrevista, De Guindos indica que o Governo espanhol do Partido Popular (direita) está hoje mais aberto à negociação do que estava há alguns anos, quando recusava determinantemente negociar mais autonomia.
O ministro sublinha que é provável que a 01 de outubro haja algum tipo de votação na Catalunha, mas nada que se possa chamar legitimamente como um referendo.
Luís de Guindos também defende que a independência seria "um suicídio económico e financeiro" que poderia reduzir em 20 a 30% o crescimento económico da Catalunha. Esta comunidade autónoma espanhola tem 7,5 milhões de habitantes e é a mais rica do país, produzindo um quinto da riqueza anual, com um PIB superior ao de Portugal ou da Grécia.
Lusa