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Presidência Trump abalada com ataque de Comey

A Presidência já caótica de Donald Trump sofreu na quinta-feira novo abalo com o testemunho esmagador do antigo diretor do FBI James Comey que revelou ao Senado as pressões do Presidente na investigação à Rússia.

Carlos Barria / Reuters

Na sequência da audiência ao Comité de Serviços de Informação do Senado, a câmara alta do Congresso norte-americano, a oposição democrata acredita ter ganho mais um trunfo: as suspeitas de que o Presidente dos EUA colocou entraves à investigação sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais em 2016 estão apoiadas pelas respostas do ex-responsável do FBI, demitido em maio por Donald Trump.

Do outro lado, os defensores do Presidente improvisaram uma contra-ofensiva, insistindo que Trump não era - agarrando nas palavras e James Comey - suspeito de conluio com a Rússia.

"Acho que fui despedido por causa da investigação sobre a Rússia", afirmou James Comey que respondeu às perguntas da Comissão durante duas horas e meia. "O objetivo era o de modificar a forma como a investigação sobre a Rússia estava a ser conduzida. Isso é grave".

O ex-diretor do FBI, de 56 anos, revelou que o Presidente lhe sugeriu abandonar a parte da investigação que dizia respeito a Michael Flynn, ex-conselheiro envolvido no caso da alegada ingerência russa nas presidenciais. E acusou a Casa Branca de difundir mentiras e de o difamar.

De forma implícita, afirmou que o próprio Presidente é mentiroso.

Nuvem negra sobre Washington

Apesar de Comey ter afirmado que Trump não lhe pediu explicitamente que parasse com a investigação do FBI à Rússia, confirmou que o Presidente lhe pediu "lealdade".

Os 17 senadores presentes na audição queriam saber se os pedidos do Presidente representavam "obstrução à Justiça", delito grave que levou o Congresso a conduzir processos de destituição contra Richard Nixon e Bill clinton.

Comey recusou dar um parecer jurídico, afirmando que não era a ele a quem cabia tirar tal conclusão.

"A nuvem que se encontra por cima da Administração tornou-se mais sombria", diz o senador democrata Chuck Schumer.

Trump "ainda é novo nesta coisa da governação"

Para o republicano Paul Ryan, líder da Câmara dos Representantes, Trump tem ainda o benefício da dúvida. "Ele ainda é novo nesta coisa da governação, por isso não está ainda ao corrente de todos os protocolos que existem há muito tempo e que estabelecem as relações entre o departamento de Justiça, o FBI e a Casa Branca", desculpa o republicano.

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