Segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press, no local, avistavam-se colunas de fumo sobre os bairros do leste da segunda maior cidade do Iraque, e os combates prosseguiram após o anoitecer, com explosões e fogo de metralhadoras a ecoar pelas ruas, enquanto se ouvia o chamamento das mesquitas para a oração da noite.
Horas antes, colunas de veículos blindados atravessaram o deserto para criar a nova frente de ataque, abrindo caminho através de bermas de terra e disparando a artilharia pesada enquanto apertavam o cerco aos bairros de classe média Tahrir e Zahara, área outrora batizada com o nome do ditador iraquiano Saddam Hussein.
Sete atacantes suicidas em veículos armadilhados com explosivos avançaram em direção às tropas, e dois deles detonaram as suas cargas, disse o tenente-coronel Muhanad al-Timimi.
Os restantes foram destruídos, incluindo um 'bulldozer' que foi atingido por um ataque aéreo da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos que está a apoiar a ofensiva.
As tropas que estão a avançar também foram atacadas com fogo pesado de morteiros, armas automáticas, franco-atiradores e mísseis anti-tanque.
Pelo menos cinco soldados das forças especiais foram mortos e um oficial e três soldados ficaram feridos, indicou um responsável militar iraquiano a coberto do anonimato, por não estar autorizado a dar informação aos repórteres.
"A operação está a correr bem, mas é lenta. Este tipo de avanço é sempre lento. Se tentássemos avançar mais depressa, sofreríamos ainda mais baixas", disse o comandante das forças especiais iraquianas, Malik Hameed, enquanto à distância se viam combatentes do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) a correr para se reposicionarem.
Anteriormente, na aproximação por leste ao centro da cidade, combatentes do EI escondidos dentro de um edifício dispararam um 'rocket' contra um tanque Abrams iraquiano, destruindo-o e fazendo com que os seus ocupantes saíssem a correr do veículo em chamas. O avanço nessa zona estagnou então.
Um jornalista da televisão iraquiana que viajava num veículo Humvee ficou ferido num dos ataques bombistas com os carros armadilhados.
O EI está a combater para manter o controlo de Mossul, enquanto as forças iraquianas e as tropas curdas aliadas se aproximam de todos os lados, apoiados pela coligação internacional, sobretudo através de ataques aéreos e missões de reconhecimento do terreno.
Na terça-feira, as tropas iraquianas entraram no perímetro da cidade pela primeira vez em mais de dois anos, depois de um exército iraquiano desmoralizado ter abandonado a cidade perante a ofensiva do grupo 'jihadista' para conquistar grandes parcelas de território no Iraque e na Síria, em 2014.
As forças iraquianas enfrentam ainda semanas, talvez meses, de combates de rua, enquanto avançam bairro a bairro, em batalhas casa a casa, por entre densas redes de edifícios armadilhados.
Mais de um milhão de civis continua em Mossul, o que torna mais difícil o avanço. Os combatentes do EI encaminharam milhares de residentes para as zonas mais edificadas da cidade, para os usarem como escudos humanos, enquanto centenas de outros fugiram em direção a zonas controladas pelas forças governamentais, apesar da incerteza quanto ao seu acolhimento em campos de deslocados.
Hoje, num cruzamento da cidade de Bartella, colunas de automóveis formavam filas para atravessar os postos de controlo de acesso aos campos para deslocados.
Mossul é o último grande bastião do EI no Iraque, e expulsar o grupo 'jihadista' da cidade será um profundo golpe para a sobrevivência do seu autoproclamado "califado" que se estende até à Síria.
Lusa