A informação tinha sido avançada pelo Wall Street Journal e o insólito de um míssil norte-americano acabar na posse de um Estado com o qual nem sequer tinha relações diplomáticas resultou de uma sucessão de alegados erros logísticos na Europa.
O Hellfire chegou a Cuba há 18 meses, antes portanto da aproximação diplomática entre Washington e Havana iniciada em dezembro de 2014.
O governo norte-americano tem o hábito de transportar estes mísseis desativados e incompletos, produzidos pelo grupo Lockheed Martin, antes de os vender operacionais, para fins de treino e formação, como foi o caso recentemente no Iraque, disse à AFP um conhecedor do sistema.
Os diplomatas e militares norte-americanos não têm juridicamente o direito de se exprimir publicamente sobre contratos comerciais de armas.
No verão de 2014, o míssil tinha sido enviado para Espanha pelo seu construtor com a autorização do Departamento de Estado para exercícios militares da NATO.
A arma deveria depois ter sido reenviada, por avião comercial, para o Estado da Florida, via Frankfurt, segundo a mesma fonte.
Foi então que começou a cadeia de erros logísticos, que levaram o míssil a ser carregado num camião fretado pela Air France, em direção ao aeroporto de Roissy, e depois colocado a bordo de um avião cargueiro da transportadora aérea para Havana, segundo aquele jornal, que citou fontes anónimas.
A fonte da AFP evoca apenas um voo da Air France saído da Alemanha e chegado a Cuba.
Segundo esta, tratou-se de um acidente e não de uma possível atividade criminosa, apesar de o Departamento da Justiça dos EUA ter aberto um inquérito.
A Lockheed Martin tinha comunicado com rapidez ao Departamento de Estado o desaparecimento do míssil, com Washington, desde há meses, a procurar recuperá-lo junto das autoridades cubanas.
Os norte-americanos, que se reaproximaram dos cubanos, não querem, por princípio, que a sua tecnologia caia nas mãos de países estrangeiros, muito mais quando se trata de potências concorrentes, como a Federação Russa ou a China.
Lusa