As "fortes chuvas" que têm assolado a região centro e norte de Moçambique e a "demora na alocação de geradores" aos postos de recenseamento sem ligação à rede elétrica moçambicana terão sido os principais fatores que contribuíram para que o processo arrancasse com constrangimentos, segundo um relatório a que agência Lusa teve hoje acesso.
Os "54 correspondentes" que o CIP e a Associação de Parlamentares Europeus com África (AWEPA) têm distribuídos pelo território moçambicano detetaram ainda "dificuldades generalizadas" no manuseamento do equipamento informático que o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) disponibilizou aos seus brigadistas.
O relatório refere que nas localidades de Gorongosa, Maringué e Chibabava, da província de Sofala, regiões afetadas pela tensão político-militar que Moçambique vive desde o último ano, o "recenseamento não arrancou", alegadamente pela falta de autorização dos governos distritais.
Nos locais onde o recenseamento arrancou com normalidade, os observadores notaram "fraca adesão", lê-se no "Boletim do Processo Político em Moçambique", que o CIP e a AWEPA produzem conjuntamente.
O processo de recenseamento eleitoral para as eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 15 de outubro arrancou no último sábado.
Em sede de diálogo de concertação sobre a revisão do pacote eleitoral moçambicano, que terminou na última semana, a Renamo solicitou ao Governo moçambicano um novo adiamento de 10 dias para o início do processo, por forma a conseguir integrar os seus representantes nos postos de recenseamento, pedido esse que o Governo ignorou.
Desde o início do ano, o STAE formou 12.324 brigadistas para integrarem as 4.078 brigadas que irão realizar o recenseamento, que deverá custar cerca de 700 milhões de meticais (cerca de 16 milhões de euros).
Nas últimas eleições autárquicas, foram recenseadas cerca de 3,5 milhões de pessoas nos 53 municípios que foram a votos, que não poderão recensear-se outra vez, à excepção das que perderam o seu cartão de eleitor.
As autoridades esperam que cerca de 10 milhões de pessoas estejam inscritas nos cadernos eleitorais para as próximas eleições gerais, as quartas que o país realiza.
Lusa