Juntando diversas confissões religiosas que se uniram para homenagear o legado de Nelson Mandela, histórico líder do ANC e da luta contra o apartheid sul-africano, a cerimónia decorreu hoje num pavilhão desportivo da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, contando com a presença de Graça Machel, que se casou com "Madiba", em 1998.
O filho do primeiro casamento de Samora Machel, antigo Presidente moçambicano, com Josina Machel, Samora Machel Júnior, justificou o tributo "à memória e vida de Nelson Mandela pelos seus feitos como pai, amigo e líder".
"Madiba foi um pai para a minha família: deu-nos muito do seu tempo, e nós estamos-lhe gratos. Ensinou-nos muito sobre a vida", sublinhou Machel Júnior.
Visivelmente emocionada com as homenagens, Graça Machel recebeu da comunidade da Igreja Presbiteriana de Moçambique um "makumi", uma capulana tradicional de grande dimensão, usada em rituais de celebração e fúnebres no país.
A antiga primeira-dama de Moçambique e da África do Sul optou por não se dirigir directamente às cerca de 400 pessoas presentes, tendo a sua filha mais nova, Josina Machel, lido um discurso previamente escrito por Graça Machel, no qual se evidenciava o sofrimento a que Mandela e a sua família estiveram sujeitos na fase final da vida de "Madiba".
"A partida de Madiba não foi uma surpresa, foi uma partida ansiada. Desde de janeiro de 2011, ele esteve a viver sob cuidados intensivos. O inevitável aconteceu porque é a lei da vida", escreveu Graça Machel.
Referindo a opção "consciente" que Nelson Mandela tomou ao escolher Moçambique "como a sua segunda pátria", Machel enfatizou a importância "da edificação da sociedade moçambicana" como referência para a "obra" que o primeiro Presidente negro da África do Sul empreendeu.
"Não podíamos encerrar o luto (sobre a morte de Mandela) sem criamos esta oportunidade de estarmos juntos, olharmo-nos nos olhos e aprender a sorrir mesmo na sua ausência", considerou Machel.
Antes desta intervenção, o bispo Malusi Mpumlwana, da África do Sul, interpretou a ato cerimonial como sendo não apenas uma homenagem "da vida e da partida de Nelson Mandela, mas de uma relação única e muito especial que une Moçambique e a África do Sul".
"Estamos aqui para dar um momento de fôlego a Graça Machel", disse ainda o religioso.
A cerimónia de homenagem contou com a presença de figuras de diversos quadrantes sociopolíticos da sociedade moçambicana, como Marcelino dos Santos, fundador da Frelimo, Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, e Eneas Comiche, antigo ministro das Finanças do país.
O Governo moçambicano não esteve representado oficialmente nas homenagens.
Nelson Mandela morreu a 05 de dezembro do último ano, em Joanesburgo, com 95 anos.