Mundo

Bono destaca papel de Mandela no fim do apartheid e na luta contra a sida e a pobreza

O líder da banda irlandesa U2, Bono, prestou  esta quinta-feira homenagem a Nelson Mandela, destacando o seu papel no  fim do apartheid na África do Sul e na luta contra a sida e contra a pobreza.

Num artigo de opinião publicado na Time World, Bono conta vários episódios  e estórias sobre o antigo Presidente da África do Sul, cuja morte foi anunciada  esta quinta-feira pelo atual Chefe de Estado, Jacob Zuma.  

Um desses factos sobre a vida do histórico líder sul-africano é que,  devido ao trabalho nas minas durante os anos de cativeiro, Mandela ficou  com os ductos bloqueados e, por isso, não conseguia chorar, uma situação  que corrigiu com uma cirurgia em 1994. 

"Um homem com tal visão e que não conseguia produzir lágrimas num momento  de dúvida ou de mágoa", descreve Bono, que se tornou amigo e apoiante de  Nelson Mandela - ou "Madiba", o nome de clã por que era conhecido. 

"Mandela seria recordado como um homem notável por aquilo que aconteceu  -- e por aquilo que não aconteceu -- na transição da África do Sul (para  um regime sem apartheid). Mas, mais que ninguém, foi ele que lançou a ideia  de África de um continente em caos para uma visão muito mais romântica",  recorda Bono. 

Para o cantor irlandês, conhecido por se ligar a causas humanitárias,  o antigo Presidente sul-africano era também um "realista prático, como demonstrava  a sua política económica", era "um idealista sem ingenuidade", que "criava  compromissos sem se comprometer". 

Bono sustenta que Mandela foi "grandioso". "O seu papel no movimento contra a pobreza extrema foi crítico. Ele  agiu para um cancelamento da dívida mais profundo, para o dobro da assistência  internacional na África subsariana, pelo comércio e investimento privado  e pela transparência para combater a corrupção", afirma o vocalista dos  U2, que desde 1979 condenavam o apartheid.  

Bono pergunta: "Sem a sua liderança, será que o mundo teria, na última  década, aumentado o número de pessoas a receber medicação para a sida para  9,7 milhões e diminuído as mortes de crianças para 2,7 milhões por ano?  Sem Mandela, África estaria a atravessar a sua melhor década de crescimento  e de redução da pobreza".  

O cantor destaca ainda o lado bem-disposto de Mandela.  "Ele tinha intrinsecamente humor e humildade e era mais esperto e mais  engraçado do que o cortejo de líderes mundiais que o procuravam. Costumava  lançar aos seus convidados: 'O que é que um poderoso homem como o senhor  quer de um velho revolucionário como eu?'". 

     

Lusa

Últimas