O próprio Presidente venezuelano, Hugo Chávez, que morreu na terça-feira, aos 58 anos, vítima de cancro, se encarregou da publicidade ao pequeno computador, atestando da sua resistência em direto na televisão.
Desde 2007, as exportações portuguesas para a Venezuela aumentaram 10 vezes e só no primeiro semestre de 2012 foram mais do dobro do período homólogo, passando de 58 milhões de euros para 156 milhões de euros, revelam números da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Para isso, muito contribuíram os computadores Magalhães, um projeto iniciado no Governo de José Sócrates, e que tem continuação em 2013, ano em que a Venezuela vai produzir 1,2 milhões destes computadores com tecnologia portuguesa.
Segundo os dados da AICEP, mais de 230 firmas portuguesas exportam atualmente para a Venezuela que, como disse recentemente à Lusa o secretário de Estado Adjunto da Economia, António Almeida Henriques, é já o segundo maior mercado de Portugal na América Latina.
Em setembro, uma missão empresarial portuguesa, em que participou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, esteve na Venezuela no âmbito do sétimo encontro semestral da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral Portugal/Venezuela, criada através de acordos assinados em setembro de 2008 em Lisboa.
Nessa altura, o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o então primeiro-ministro português, José Sócrates, assinaram acordos para a venda de um milhão de computadores portáteis Magalhães, a construção de 50 mil fogos de habitação social, além de memorandos na área da eletricidade.
Só nesse ano, as exportações portuguesas para a Venezuela aumentaram 213 por cento, o maior salto desde 2007.
Entre 2007 e 2011, as exportações portuguesas para a Venezuela só diminuíram em 2011 e o crescimento médio anual ao longo destes quatro anos foi de 95,1%. O valor passou de cerca de 16,3 milhões de euros em 2007 para 152,8 milhões de euros em 2011.
Em fevereiro, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Elías Jaua, teve uma reunião de trabalho, em Lisboa, com o seu homólogo português, Paulo Portas, durante a qual falaram de "temas de interesse bilateral", aprofundando uma relação que tem prevista uma deslocação do governante português a Caracas ainda este mês, e depois uma receção ao executivo venezuelano em abril, em Lisboa.
Num comunicado divulgado em Caracas, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela explicava então que ambos conversaram sobre o aprofundamento dos laços de cooperação bilateral e a calendarização da próxima reunião da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral Venezuela-Portugal (CM).
Durante o encontro, os ministros passaram em revista programas de cooperação em curso como "a exportação de um milhão de barris diários de petróleo da Venezuela para Portugal e a exploração conjunta da Faixa Petrolífera do Orinoco".
A operar na Venezuela estão empresas portuguesas como o grupo Lena, que está a construir 4.500 casas e já finalizou uma fábrica de painéis de cimento; ou a Edifer, que vai construir uma fábrica de papel no país num projeto de 1.300 milhões de euros.
Outras empresas são a AntralCipan, que tem um contrato de fornecimento de serviços de assistência técnica e fornecimento tecnológico na construção de uma fábrica de medicamentos; ou a Metalcérmica, responsável pelos projetos de construção de fábricas nos estados de Falcón (noroeste) e Bolivar (sul).
Na Venezuela operam ainda as portuguesas Teixeira Duarte, a DST, Visabeira, EIP (Eletricidade Industrial Portuguesa) e a Galp Energia.
O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, morreu na terça-feira, em Caracas, quase três meses depois de ter sido operado pela quarta vez a um cancro, a 11 de dezembro passado, em Havana, e dois meses depois de ter sido reeleito para o seu terceiro mandato.
Chávez, que morreu com 58 anos, regressou à Venezuela em 18 de fevereiro, ficou internado no Hospital Militar de Caracas e não chegou a tomar posse como Presidente, ficando o lugar assegurado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, numa decisão autorizada pela Justiça venezuelana apesar dos protestos da oposição.
Algumas horas antes do anúncio da morte de Chávez, Nicolás Maduro sugeriu que o cancro teria sido "provocado" pelos "inimigos históricos" da Venezuela.
Lusa