No primeiro dia após a tomada de posse de Daniel Chapo, a vida em Maputo está aos poucos a regressar à normalidade, mas na Universidade Eduardo Mondlane, que tem 47 mil alunos, toda a atividade letiva está interrompida desde outubro. Catarina Neves e Rafal Homem recolheram os depoimentos dos professores universitários Vítor Gonçalves e Maria Atália, da Escola de Comunicação e Artes.
"Não há aulas desde outubro porque é impossível para os alunos e professores que não moram no centro de Maputo virem até ao centro de Maputo. Eu não diria bem que é por causa das manifestações. É pelo facto das pessoas que protestam contra a situação barricarem as estradas e apedrejarem os carros que passam", explica Vítor Gonçalves.
Os professores lamentam a situação que obrigou à interrupção das aulas, dos exames e dos vários trabalhos que estavam programados, nomeadamente a rodagem de filmes e a encenação de espetáculos.
"Desde outubro até agora a gente não está a fazer nada, não está a produzir, não está a levar nenhum espetáculo para fora, não está a trazer nenhum espetáculo cá para Maputo ou para Moçambique. Então, praticamente estamos de mãos atadas. Se normalmente a vida de um artista moçambicano é difícil, agora está impossível", refere Maria Atália, professora e atriz.
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Vítor Gonçalves critica o processo em curso que, em seu entender, está a “prejudicar não as pessoas que têm como objetivo prejudicar, mas as pessoas que têm como objetivo defender”. “Há alunos que estão a ver seis meses da sua vida completamente comprometida e não têm culpa nenhuma do assunto”, sublinha o professor universitário, que explica também o drama que se vive nos arredores de Maputo, onde vivem a maioria dos alunos da Universidade Eduardo Mondlane.