Violência em Moçambique

Moçambique. Mais de 1,2 milhões precisam de ajuda médica urgente

Alerta da Organização Mundial da Saúde.

JOAO RELVAS / LUSA

Lusa

Mais de 1,2 milhões de pessoas necessitam "urgentemente" de ajuda médica na província de Cabo Delgado, em Moçambique, onde ataques de grupos armados "aprofundaram a crise humanitária", alertou esta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A situação de milhares de famílias está a piorar, e muitas das pessoas afetadas pela violência dependem da ajuda humanitária para sobreviver. Devemos intensificar rapidamente a assistência para salvar vidas e aliviar o sofrimento", disse a diretora regional para África da OMS, Matshidiso Moeti.

De acordo com a organização, a violência e a insegurança danificaram ou forçaram ao encerramento de quase um terço das 132 instalações de saúde da província, "privando as comunidades de serviços básicos de saúde e criando necessidades sanitárias de emergência" para o tratamento do HIV, malária e tuberculose, bem como vacinação entre as pessoas deslocadas internamente e as comunidades de acolhimento.

Necessidade de garantir os serviços de saúde essenciais

A prevenção da cólera, a resposta à covid-19 e a prestação de serviços de saúde mental e psicossocial são também "extremamente necessárias", segundo a OMS, que apelou para um maior apoio dos doadores que permita "fornecer estes serviços de saúde essenciais".

"Há uma necessidade urgente de assegurar o pleno acesso aos serviços de saúde essenciais em todos os distritos acessíveis e de estabelecer mecanismos para melhorar o acesso à saúde a todas as pessoas vulneráveis nos distritos de difícil acesso", disse, por seu lado, Joaquim Saweka, representante da OMS em Moçambique.

A OMS revelou estar a rever o seu plano de resposta, adiantando que irá disponibilizar recursos humanos e materiais adicionais para Cabo Delgado e outros focos de emergência sanitária no país, assim que "forem mobilizados recursos adicionais".

A organização criou três centros de tratamento da cólera e construiu um centro de saúde provisório para atender os deslocados internos e a comunidade de acolhimento no distrito de Chiuri, em Cabo Delgado.

Destacou também 17 funcionários para o distrito de Pemba e está a fornecer material de saúde essencial, incluindo medicamentos para a cólera e 'kits' de trauma.

Fugiram de casa 52 mil pessoas

As necessidades humanitárias aumentaram após os ataques armados de março no distrito de Palma, que, segundo as Nações Unidas, obrigaram 52 mil pessoas a fugir das suas casas.

De acordo com a OMS, são necessários cerca de 3,5 milhões de dólares (2,86 milhões de euros) para fornecer cuidados de saúde a estas populações, tendo já sido mobilizados 1,77 milhões de dólares (1,44 milhões de euros) para apoiar o Governo de Moçambique e as organizações parceiras na resposta de emergência.

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