Depois da inauguração no Porto, no final da semana passada, é a vez do Seixal ter também um gabinete de apoio à vítima. No ano passado, a secção do Seixal do Departamento de Investigação e Ação Penal registou 2.370 processos. É a segunda comarca do país com mais casos de violência doméstica, logo a seguir ao Porto.
"Estamos no distrito onde morava Alcinda Cruz antes de morrer violentamente em sua casa, numa noite de janeiro à frente dos seus filhos. A sua morte deve pesar-nos na consciência. Aliás, cada morte não deve deixar de pesar na consciência de todos", diz ministra da Justiça.
E é para esses todos que Rita Júdice fala, depois de recordar a primeira vítima do ano.
"Cada um tem de fazer a sua parte. Temos todos de mudar a consciência. Muitas vezes há comportamentos que tradicionalmente são normalizados (…) ideias como 'entre marido e mulher não se mete a colher', ou 'se ele te trata mal são ciúmes' (…) esse tipo de discurso está errado", afirma a ministra.
Apesar de ser um crime público há 25 anos, há ainda muitos casos que resultam em arquivamento. O Procurador-geral da República, Amadeu Guerra, acredita que isto acontece porque “é difícil” provar os casos de violência doméstica.
Há agora 12 Gabinetes de Apoio à Vítima
No Seixal, o gabinete resulta de uma parceria entre Governo, Procuradoria-Geral da República e a UMAR, e vai dar aconselhamento às vítimas para, por exemplo, conhecerem os seus direitos e estarem acompanhadas quando prestam declarações.
"Os caminhos da justiça podem ser longos e difíceis, mas as vítimas não precisam de estar sozinhas", frisa Rita Júdice.