A vacinação em Portugal e no Mundo

Problemas com vacina da AstraZeneca eram esperados e atingem "pequeno número" de vacinados

Garantia foi dada pela diretora executiva da Agência Europeia de Medicamento.

Dado Ruvic

SIC Notícias

Lusa

A diretora executiva da Agência Europeia de Medicamentos disse hoje que os problemas relacionados com a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 "não são inesperados", dada a vacinação de milhões de pessoas, e atingem "um pequeno número" de vacinados.

"Uma situação como esta não é inesperada. Quando se vacinam milhões de pessoas, é inevitável que ocorram incidentes raros ou graves após a vacinação e o nosso papel [do regulador europeu] é o de avaliar que todos os efeitos secundários são rapidamente investigados, se estão realmente ligados à vacina ou se são coincidência", declarou Emer Cooke.

Falando em videoconferência para a imprensa em Bruxelas, a responsável pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) frisou também que "não há evidências de que foi a vacinação [com o fármaco da AstraZeneca] que causou estas situações", além de que os efeitos secundários apenas se verificaram "num número pequeno de pessoas que receberam a vacina".

Emer Cooke garantiu, ainda assim, que a EMA vai continuar a investigar esta situação, "tendo em conta os receios dos cidadãos", adiantando que a prioridade do regulador é "garantir a segurança da vacina".

Na próxima quinta-feira à tarde, a EMA irá divulgar as conclusões dessa investigação e emitir uma decisão.

"É fundamental" que os cidadãos confiem nas vacinas aprovadas

A diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento considera "fundamental" que os cidadãos confiem nas vacinas da covid-19 aprovadas.

"A confiança nas vacinas é fundamental para nós, a confiança dos cidadãos em que os produtos que autorizamos são seguros", disse Emer Cooke, numa videoconferência de imprensa a partir da sede da EMA, em Amesterdão.

Um perito da agência, por seu lado, explicou que a análise da ligação entre episódios de tromboembolismo e a vacina da AstraZeneca para a covid-19 combina estatística e exames de casos individuais.

"Estamos a analisar quantos episódios de tromboembolismo ocorreram em pessoas vacinadas e a recolha é tanto de dados estatísticos como da examinação dos casos individuais" em que houve formação de coágulos sanguíneos ou outros efeitos, disse Peter Arlett.

"Estatisticamente, o número de casos aponta para um efeito muito raro e nem sabemos ainda se há uma relação de causa e efeito com a vacina da AstraZeneca", sublinhou.

"Se houver uma relação causa efeito, e sublinho o se, temos oportunidade de avaliar como reduzir o risco", acrescentou.

Os resultados do estudo serão apresentados na quinta-feira à tarde.

Questionada sobre o número de problemas relativos a coágulos do sangue, a responsável da EMA referiu que, até sexta-feira, tinham recebido informação de "30 casos de problemas de episódios de tromboembolismos identificados em cinco milhões de pessoas vacinadas", adiantando que a EMA pediu aos Estados-membros para enviarem "informação mais detalhada possível" sobre possíveis efeitos secundários da vacina.

Emer Cooke, reiterou, que confia na segurança e eficácia da vacina, baseada em avaliação científica adequada.

"A nossa avaliação é guiada pela ciência e independência", sublinhou.

Esta posição de hoje surge depois de nas últimas horas vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração desta vacina após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com esta vacina.

Na quinta-feira passada, a EMA indicou que não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco contra a covid-19.

E já na segunda-feira o regulador europeu defendeu que "os benefícios" da vacina da AstraZeneca contra covid-19 "superam os riscos de efeitos secundários", garantindo ainda assim uma "análise rigorosa" às situações de formação de coágulos sanguíneos em vacinados.

"É uma preocupação séria e requer avaliação científica", assinalou Emer Cooke, falando por via digital aos jornalistas em Bruxelas.

A responsável pelo regulador europeu de medicamentos insistiu que a EMA vai, então, continuar a "avaliar quaisquer possíveis efeitos secundários relacionados com esta vacinada", mas reforçou os seus "benefícios".

Também hoje, o comité de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a segurança de vacinas vai discutir a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford.

A OMS tem defendido que "não há razão para não usar esta vacina".

O grupo farmacêutico anglo-sueco assegurou, por sua vez, não haver "qualquer prova da existência de um risco aumentado" de se verificarem coágulos sanguíneos causados pela sua vacina.

Ainda hoje, a Comissão Europeia anunciou ter chegado a acordo com a BioNTech-Pfizer para a entrega antecipada de 10 milhões de doses da vacina contra a covid-19, que estarão disponíveis já no segundo trimestre, depois de atrasos e problemas com a vacina da AstraZeneca.

Atualmente, são quatro as vacinas contra a covid-19 aprovadas pela EMA: BioNTech-Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen (grupo Johnson & Johnson).

De acordo com Emer Cooke, estas são "vacinas altamente eficazes e seguras".

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