A TAP passou por uma comissão parlamentar de inquérito e pelos efeitos da pandemia, que levaram à saída de mais de mil trabalhadores.
A primeira vez que se ouviu falar da privatização da TAP foi ainda na década de 90, quando o então primeiro-ministro, Cavaco Silva, aprovou a transformação do grupo em sociedade anónima.
Só seis anos depois, em 1997, e já com governo socialista de António Guterres foi anunciada pela primeira vez a venda de 49% da empresa.
Mas o negócio acabou por não se concretizar por dificuldades financeiras do comprador.
Em 2006, já com José Sócrates, a TAP é colocada na lista de privatizações a concluir até ao final do ano seguinte, mas acabou por se arrastar e depois de prejuízos históricos, em 2009, de quase 300 milhões de euros a venda foi oficialmente adiada.
A empresa volta a ser colocada na lista de privatizações, em 2011, com a chegada da troika a Portugal.
Chegou a haver uma proposta de compra, que acabou rejeitada.
Os anos seguintes não foram fáceis, com greves dos pilotos a ameaçar a operação e novos aviões que demoraram a chegar.
Só em 2015, já com o dinheiro contado, sem acesso aos bancos, dívidas e despesas por pagar se dá finalmente a privatização.
O consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa pagaram 10 milhões de euros por 61% do capital. Sem público a assistir nem jornalistas a fazer perguntas. Os documentos foram assinados à porta fechada, pouco antes da 00:00, por um Governo que já tinha sido empurrado para fora do poder.
Dois meses depois, o Estado recupera a TAP. O Executivo de António Costa pagou quase 2 milhões de euros para ficar com 50% do capital. A gestão ficou do lado dos privados.
Em 2020, a pandemia deixou os aviões em terra e tornam-se evidentes os problemas na TAP.
A relação entre os acionistas privados e o Governo era difícil. Neeleman acabou por sair da empresa pouco depois, com uma indemnização de 55 milhões de euros.
No ano seguinte, arranca o processo de reestruturação da companhia aérea, que levou à saída de 1.500 trabalhadores. O Estado teve de injetar na empresa mais de 3 mil milhões de euros.
A intenção de reprivatizar surge com o segundo governo de António Costa.
O Presidente da República levantou dúvidas sobre o decreto-lei e o Governo depois caiu.
O dossier foi recuperado por Luís Montenegro. O novo primeiro-ministro deixou claro que não queria vende mais de 50%, também para evitar um novo veto de Belém
Desde essa altura que se têm apresentado como potenciais compradores: a Air France KLM, a Lufthansa e o grupo dono da British Airways e Iberia.
Já estiveram até representantes em Portugal para deixar ainda mais evidente esse interesse. Aguardavam que o governo arrancasse com o processo.